Segundo uma nota de imprensa da autarquia de Ponta Delgada, que criou em 2021 o prémio, o coletivo de jurados assinala "a excelência da ficção literária" evidenciada por ambas as obras, distinguindo-as por entre as 73 que foram admitidas e analisadas nesta quarta edição do concurso.
Entre outras considerações sobre “Caindo de mais alto”, o júri destacou a “escrita inaugural e poética” patente na obra, salientando constituir-se como uma “lição de literatura” que “honra o prestigiante Prémio Literário Natália Correia 2024 – Ficção”.
“Ao longo de 136 páginas, a leitura fica cativa de uma voz com inequívoca maturidade literária, que nos prende ao espanto da beleza erguida sobre uma vida em ruínas. E, quando pensamos que nada mais nos poderá surpreender nesta narrativa, o modo como ela termina, não só nos faz acreditar na redenção, como nos mostra, em poucas palavras, de que são feitos os grandes textos literários”, lê-se na nota divulgada.
A obra vencedora vai ser editada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e o vencedor receberá 7.500 euros.
A cerimónia de entrega do prémio e da menção honrosa está agendada para 10 de outubro no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
O Prémio Literário Natália Correia tem como como objetivo incentivar e apoiar o desenvolvimento das artes literárias, fomentando a criatividade, o gosto pela leitura e pela escrita.
O prémio foi criado em 2021 pela autarquia de Ponta Delgada, marcando na ocasião o início das comemorações do centenário da escritora.
Com esta iniciativa, o município da ilha de São Miguel pretende distinguir autores com obras originais e inéditas redigidas em Língua Portuguesa.
Natália Correia nasceu a 13 de setembro de 1923, na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, e foi viver para Lisboa aos 11 anos. Apesar de ser conhecida como poetisa, a extensa obra da escritora micaelense inclui também trabalhos de ficção, teatro, ensaio e diário.
Foi responsável pela organização de várias antologias, das quais se destaca a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, um livro censurado pela ditadura do Estado Novo, que lhe valeu uma pena suspensa de três anos de prisão, em 1966. Destacou-se também na vida política, onde apoiou o Movimento de Unidade Democrática e a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, em oposição ao Estado Novo, bem como as candidaturas à Presidência da República dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado.
Foi eleita como deputada à Assembleia da República pelo PSD, em 1980, mas acabaria a legislatura como deputada independente, por não apoiar a visão conservadora do partido. Voltou a ocupar um assento parlamentar, de 1987 a 1991, pelo Partido Renovador Democrático, do general Ramalho Eanes.
Morreu em 16 de março de 1993, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco.
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