“Fazer uma exposição internacional e logo em Portugal, dados os nossos laços históricos, é algo com que sempre sonhei”, disse o artista à agência Lusa, a propósito da exposição “Udjus di Guinensis/Olhares de Guineenses”, que esteve recentemente exposta em Setúbal.
Young Nuno começou a desenhar aos cinco anos e sempre desejou estudar belas artes, mas a opção não existia na Guiné-Bissau, o que o levou a frequentar outro curso, que entretanto abandonou.
A marca deste artista está patente em algumas ruas de Bissau, onde pintou murais com várias figuras, nomeadamente de heróis da independência do país africano, no âmbito do grupo “Galeria Jovem”, que dirige.
À semelhança de outras exposições que realizou na Guiné-Bissau, o objetivo da mostra em Setúbal foi “mostrar a cultura e os costumes da Guiné de uma forma positiva, através da pintura”.
Nos seus quadros sobressaem rostos humanos, pessoas e o seu quotidiano, esperança e, sobretudo, a mulher.
“As mulheres são guerreiras, sabemos o papel e a importância das mulheres na nossa vida, na sociedade guineense”, afirmou.
Young Nuno quer voltar a estudar e concretizar o sonho de estudar arte. Mas tem outros: “O meu sonho é abrir uma escola de arte” na Guiné-Bissau.
“Há muitos novos talentos a surgir na Guiné, mas não há motivação, incentivo, nem acesso aos materiais de trabalho das artes plásticas”, lamentou.
Por isso, quer motivar os mais novos a não desistirem, pois sabe que muitos acabam por abandonar o seu sonho, porque não são apoiados para prosseguirem.
“Há quem ache que a arte é uma perda de tempo. Eu sei que os desafios são grandes, mas eu vou sempre continuar a lutar, a fazer cada vez mais trabalhos e a educar a sociedade, mostrando que a arte é uma arma para melhorar o que está mal num país, numa sociedade”, referiu.
Além da internacionalização da sua obra, o artista vive a concretização de um projeto que foi “uma das coisas mais felizes” que lhe aconteceu: A elaboração de uma obra em Lisboa, a convite do artista plástico português Vhils, conhecido pelas figuras esculpidas na parede.
A obra, cujas características não quis revelar, poderá ser vista na Praça do Comércio da capital portuguesa.
Young Nuno pinta vários estilos, variando entre o abstrato, o realista e o impressionismo, mas está a desenvolver uma técnica própria.
E afirma que as suas obras foram já adquiridas por compradores de várias nacionalidades.
Para já, o sonho de viver apenas da arte avizinha-se difícil de concretizar e na Guiné-Bissau impossível, tendo em conta “o baixo salário e o elevado custo de vida”, mas as fronteiras já foram ultrapassadas e Young Nuno garante que não vai desistir.
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