A Casa da Cultura da Guiné-Bissau, que funcionará em Lisboa, será apresentada numa cerimónia na capital portuguesa no próximo dia 20, data com que a organização pretende assinalar o início das celebrações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, o “pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, nascido em 12 setembro de 1924.
Rita Ié, diretora da Casa da Cultura da Guiné-Bissau, disse à Lusa que esta organização surge após um grupo de atores, agentes da cultura, terem percebido que “havia necessidade de uma casa da cultura da Guiné-Bissau, como um local que pudesse albergar toda a rica e vasta cultura guineense”.
A socióloga e escritora adiantou que é também objetivo desta casa difundir a cultura guineense “para o mundo” e promover a sua interação com outras culturas.
“É uma casa aberta a toda a gente”, disse, acrescentando que “existe ainda um grande desconhecimento do que é a cultura guineense”, não obstante algumas mostras, nomeadamente ao nível da música e da literatura.
No ano em que se celebra o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, a Casa da Cultura da Guiné-Bissau é apresentada no dia do aniversário do seu assassínio, em 1973, uma forma de homenagear o pensamento e o legado do líder africano.
“O pensamento de Cabral sempre foi um pensamento em que a cultura tinha muita importância. Foi baseado nesse pensamento de que a cultura é a identidade de um povo e uma forma de ação e de reivindicação que fez com que ele optasse pela luta armada, que levou à independência do nosso país”, disse.
Ao longo deste ano serão feitas diferentes atividades, dentro dessa linha de ação maior que é a própria celebração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral.
Para já, diferentes agentes culturais têm recebido positivamente os convites para a inauguração da Casa da Cultura da Guiné-Bissau e aplaudido a ideia.
“Temos alguns artistas guineenses, mais conhecidos no panorama artístico português que já confirmaram a presença no dia do lançamento”, como o músico Micas Cabral (Tabanka Djaz), o artista plástico Young Nuno ou o escritor Edson Incopté.
Após o lançamento, a primeira iniciativa desta Casa da Cultura será um concerto encenado com diferentes artistas guineenses, em meados de maio, que se chamará “Ora di kanta tchiga”, alusivo a uma música do “grande e saudoso” José Carlos Schwarz.
Sobre o anúncio do Governo da Guiné-Bissau que, em maio de 2022, disse que pretendia abrir a sua Casa de Cultura em Portugal, Rita Ié disse que “é sempre importante”.
“O Governo deverá ser sempre um dos maiores interessados em criar uma casa da cultura da Guiné e nós também, como instituição que não tem neste momento qualquer tipo de ligação ao Governo, estamos completamente abertos em cooperar e em trabalharmos juntos para que a cultura guineense se possa afirmar para o mundo”.
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