Quando o edifício do TNDM, em Lisboa, reabrir após as obras, "teremos de reequacionar esta forma de viajar com a nossa programação”, disse o diretor artístico do teatro, Pedro Penim, à agência Lusa.
“Temos tido, na maior parte dos espetáculos e da digressão mais tradicional, digamos, muitas casas cheias e às vezes em teatros bastante grandes e isso obviamente dá-nos uma grande satisfação. Até porque o centro da nossa atividade é fazer espetáculos de teatro. E apresentá-los pelo país e fora de portas”, acrescentou o diretor artístico do TNDM.
Num primeiro balanço sobre os primeiros três meses da Odisseia Nacional, que ao longo de 2023 leva o D. Maria II a mais de noventa concelhos portugueses, Pedro Penim frisou que o projeto “se cumpre não apenas na apresentação de espetáculos, mas nos outros programas”.
E é aí que tem sido “uma surpresa enorme, porque é um território e um terreno que, normalmente, o TNDM não se atreve a pisar, nomeadamente em trabalho com a comunidade, ou o trabalho de formação”, disse, exemplificando com a exposição “Quem és tu?”, inaugurada em 25 de março último, em Águeda, e a partir da qual “o programa de formações vai começar também agora em força”.
Pedro Penim disse que os três meses em que a Odisseia Nacional passou pela Região Norte, em concelhos como Amarante, Barcelos, Chaves, Fafe, Felgueiras e Vila Nova de Famalicão, deu para ter “um cheirinho” do que poderá ser no seu todo.
Apesar de aquela região estar “muito bem preparada em termos de equipamentos”, o programa chegou a sítios “onde é difícil o teatro estar” e, na verdade, o D. Maria II, nunca lá tinha estado.
Para Pedro Penim, é pois “nesses territórios, eventualmente menos evidentes, que a 'Odisseia' se tem cumprido na sua plenitude”, até porque “foi concebida justamente para esse género de atividades”.
O diretor artístico do D. Maria II reiterou que a Odisseia Nacional “é um projeto de coesão territorial através da arte”, no caso específico “através do teatro”.
Penim garante que o envolvimento das comunidades e dos públicos, dos autarcas e dos artistas que vivem nos territórios tem sido “mesmo positivo, com muitas promessas de regressar, o que é sempre uma coisa que nos enche de alegria”.
Os pedidos para que voltem rapidamente deixam também aos responsáveis do TNDM “uma grande responsabilidade para pensar no lastro de toda esta operação e como é que se pode não deixar de fazer uma Odisseia Nacional mesmo que com outra escala”, disse.
“Obviamente, quando o teatro reabrir teremos de reequacionar esta forma de viajar com a nossa programação”, sublinhou, a propósito.
Questionado sobre se a Odisseia Nacional servirá para alargar a parceria da Rede Eunice a outros teatros, Pedro Penim disse que o objetivo do D. Maria II é “chegar onde o acesso é mais complicado e onde o investimento financeiro é bastante mais reduzido”.
Daí que lhes interesse mais os sítios que têm mais dificuldades, pois são os que podem “beneficiar mais” com a Odisseia Nacional e com querem “continuar a trabalhar”.
Não apenas em prol da “democratização das artes”, mas também da “profissionalização destes espaços”, para que os artistas possam criar nesses territórios de uma forma mas equilibrada e mais proveitosa”.
A Odisseia Nacional, que leva o D. Maria “em viagem”, do distrito de Viana do Castelo ao de Faro, aos Açores e à Madeira, inclui vários programas, como o Atos, a primeira parceria entre o TNDM e a Fundação Calouste Gulbenkian.
Ao abrigo desta parceria, realizar-se-ão 43 projetos em outros tantos concelhos, que serão dinamizados por 16 estruturas artísticas que visam promover o tecido cultural português e as práticas cívicas das comunidades que aí residem, através de projetos artísticos e reflexivos.
“Paisagens”, “Património” e “Pessoas” são subdivisões do programa.
Valorizar as pessoas, com base na diversidade das comunidades locais, em áreas como a inclusão de minorias étnicas, a promoção da igualdade de género, reversão do isolamento dos idosos e a integração de imigrantes são objetivos na base do eixo “Pessoas", que envolve projetos como “Pele”, “Cassandra”, “Lugar específico”, “Ondamarela”, “Talkie walkie” e "Um Coletivo", atravessando o país de Paredes de Coura a Portimão.
“Frutos” é o nome do programa em parceria com o Plano Nacional das Artes que irá promover ações pedagógicas dirigidas a todos os ciclos de ensino, aproximando as gerações mais jovens das artes performativas e incentivando a sua participação cultural e cívica.
Com “Cenários”, o D. Maria II desafia o país a conceber outras formas de ver, no final de cada trimestre, promovendo uma reflexão sobre o percurso da própria Odisseia.
Em abril, a Odisseia Nacional mudou-se para a Região Centro, onde até final de junho terá dezenas de espetáculos e atividades.
A programação completa da Odisseia Nacional pode ser consultada em www.tndm.pt.
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