O voto de pesar, apresentado pelo Grupo Parlamentar do PS, lembra que Eduardo Pitta nasceu em Moçambique, em 1949, e deixou “uma marca de relevo na literatura portuguesa contemporânea como poeta, escritor e ensaísta”, tendo publicado “livros de poesia, ficção (contos e romance), ensaio, uma coletânea de crónicas, dois diários de viagem e um volume de memórias”.
“Em 2003, o seu ensaio ‘Fractura’ aborda de forma inovadora o tema da homossexualidade na literatura portuguesa contemporânea. Eduardo Pitta fez da identidade homossexual matéria de criação literária, mas sem abdicar do primado da qualidade artística. O seu estilo de escrita, por vezes violento e cortante, com uma ironia fina, uma visão agreste da existência, um ‘pathos’ autobiográfico, deixou uma marca original na produção literária nacional”, é destacado no texto, a cuja leitura assistiram familiares e amigos nas galerias da Assembleia da República.
Num texto que é recordado o seu percurso artístico e principais obras, os socialistas lembram ainda que, em 2010, Eduardo Pitta “casou com Jorge Neves, seu companheiro desde 1972, tendo sido uma das figuras públicas que se bateu pelo reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, integrando o Movimento pela Igualdade”.
“Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, presta a sua homenagem à memória e ao legado de um poeta que marcou indelevelmente a cultura portuguesa, manifestando o seu pesar pelo desaparecimento prematuro de Eduardo Pitta, transmitindo aos seus familiares e amigos os votos do seu sentido pesar”, lê-se no texto.
O poeta, escritor e ensaísta português Eduardo Pitta morreu no dia 25 de julho, aos 73 anos, em Torres Vedras, vítima de complicações decorrentes de AVC, disse na altura à Lusa fonte da família.
O escritor, que fez da identidade homossexual matéria da sua criação literária, publicou desde 1974 dez livros de poesia, um romance, duas coletâneas de contos, quatro volumes de ensaio e crítica, duas recolhas de crónicas, dois diários de viagem e o livro de memórias “Um Rapaz a Arder”.
Começou a escrever em 1967 e a colaborar assiduamente em suplementos literários de jornais (Notícias, A Tribuna, A Voz de Moçambique e Notícias da Beira), mas foi em 1974 que publicou a sua primeira obra, o livro de poesia “Sílaba a sílaba”.
Contudo, foi em Portugal que a sua obra atingiu a maturidade, primeiro como poeta, depois como ensaísta e crítico de poesia, e mais tarde como ficcionista, estreando-se com a trilogia de contos “Persona” (2000).
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