Intitulada "Épico e Trágico - Camões e os Românticos", a exposição, comissariada pelas historiadoras de arte Alexandra Markl e Raquel Henriques da Silva, inclui obras de vários artistas e irá evocar o contexto em que o poeta foi transformado em figura mítica para o Romantismo português, segundo o texto de apresentação.
A mostra, que abre ao público na sexta-feira, ficará patente na Sala do Teto Pintado do MNAA até 29 de setembro, no quadro das comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões (1524-1580), autor d'"Os Lusíadas", obra que toma por referência "A Eneida" de Virgílio, no contexto da inspiração clássica do Humanismo europeu.
No centro da exposição estará um conjunto de desenhos preparatórios do artista Domingos Sequeira para a pintura "A Morte de Camões", exposta em 1824 no Salão de Paris, depois enviada para o Rio de Janeiro, no Brasil, e oferecida ao imperador Pedro I (Pedro IV de Portugal), e que chegou a ser novamente vista em França, mas cujo paradeiro é atualmente desconhecido, segundo o MNAA.
Os desenhos preparatórios – provenientes do MNAA, do Museu Nacional Soares dos Reis e de coleções particulares - evocam o poeta nos últimos momentos de vida, recebendo a notícia da derrota do rei Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, em Marrocos.
Na mesma exposição estarão obras de Francisco Vieira Portuense (1765-1805) que ilustram cada um dos dez cantos da epopeia, num projeto para uma grandiosa edição que não chegaria a ser concretizada.
Desde finais do século XVIII, Camões e a sua vida aventurosa tornaram-se motivo literário e artístico, e alguns temas d'"Os Lusíadas" conheceram crescente divulgação internacional, contextualizados por uma cultura pré-romântica que também vai inspirar artistas como o portuense Francisco José Resende (1825-1893) e o mestre do Realismo Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), autor da pintura "Camões e as Tágides" (1894).
O conjunto de obras a expor no MNAA - de Vieira Portuense, Domingos Sequeira, Francisco Metrass e Columbano - tem como objetivo recordar o arranque do romantismo na arte portuguesa, comprometido com a celebração da história nacional e dos seus heróis.
Os temas camonianos, incluindo as lendas associadas aos últimos momentos do poeta, continuaram a ter eco e a ser abordados, durante todo o século XIX, tanto por pintores portugueses como por alguns europeus.
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