“Temos, obviamente, projetos para que esse palco-altar no futuro seja utilizado para eventos. Não os vou anunciar agora a uma semana antes de vir o Papa, mas estamos a pensá-los, estamos a organizá-los […] tenho levado algumas pessoas a ver toda aquela área, é uma área extraordinária para eventos, com o palco ou sem o palco”, declarou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), em entrevista à agência Lusa.
Depois da polémica sobre o custo do palco-altar no Parque Tejo, que resultou, em fevereiro, na redução do valor de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões - assegurados pela Câmara de Lisboa -, a infraestrutura está hoje pronta para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza de 01 a 06 de agosto, prevendo-se que seja utilizada nos dois últimos dias deste evento organizado pela Igreja Católica.
Ainda que o foco agora seja a JMJ, para o qual o palco-altar foi construído, o presidente da Câmara de Lisboa reforçou que a infraestrutura ficará no Parque Tejo após a evento e pode ser utilizada noutras ocasiões.
“Toda aquela área tem um potencial enorme para eventos”, indicou Carlos Moedas, referindo que o Parque Tejo, com mais de 30 hectares de espaço verde no lado de Lisboa e outros 70 hectares no concelho vizinho de Loures, é uma área “bastante plana e tem uma vista extraordinária sobre o rio” e uma “vista única para a cidade”.
Relativamente à intenção do presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), de atrair grandes eventos musicais no Parque Tejo após a JMJ, o autarca de Lisboa recusou pôr-se em concorrência, defendendo uma visão de Área Metropolitana de Lisboa, em que os municípios devem trabalhar em conjunto e em que a capital portuguesa “é a âncora”.
“Tenho muito gosto que o meu colega de Loures tenha também muitos eventos naquelas áreas, isso quereria dizer que Lisboa continua a ser uma cidade muito atrativa e que toda a área metropolitana é atrativa”, apontou o social-democrata.
Sobre a durabilidade do palco-altar, o autarca de Lisboa disse que, “como qualquer outra infraestrutura, vai durar muitos anos” porque foi construído com “materiais que duram muito”.
“É para o tempo que nós acharmos e que quisermos. Não sei se daqui a 10 ou 15 anos, […] outro presidente da câmara possa querer retirar, mas eu acho que não”, afirmou.
O social-democrata considerou que a infraestrutura “vai ser uma centralidade para a cidade, em que as pessoas vão ali visitar o sítio onde o Papa esteve” e onde os jovens que participaram na JMJ discutiram os temas do futuro do mundo.
Por isso, considerou que “as pessoas vão querer, também, ver onde é que tudo aconteceu e, portanto, é um palco (…) que tem também uma história e tem um significado, e isso é importante para a cidade e é importante para ser um palco diferenciador”.
Questionado sobre se se justificou o investimento numa infraestrutura que só será utilizada em dois dos sete dias da JMJ e se não teria sido preferível optar por um palco provisório como o do Parque Eduardo VII, que foi responsabilidade da Igreja Católica, o presidente da câmara relativizou e voltou a lembrar que vai ficar para usufruto da cidade.
“Estar a discutir um palco que custou 2,9 milhões quando em casas de banho, quando em som, se pagou muito mais, porque teve que se pagar, porque nós temos que dar as condições para o evento, eu acho que é estar a desfocalizar completamente um investimento que vai ser utilizado no futuro, mas que foi, relativamente a outros, muito mais barato do que outros que não podem ser reutilizados”, defendeu.
O município de Lisboa vai gastar até 35 milhões de euros na JMJ, dos quais 25 milhões foram investidos em equipamentos que ficam na cidade, segundo o autarca.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ, com o Papa Francisco, de 01 a 06 de agosto.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso de um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.
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