Neste primeiro momento da edição do festival - que passou a estar dividido em duas partes ao longo do ano - os novos palcos serão o Mercado do Rato, onde se estreia "Este Peixe é um Robalo", o Teatro Ibérico, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, o Espaço Casa Cheia e o Damas Bar, anunciou hoje a organização.
"Na realidade 'robalo' é o nome vulgar de um género de peixe percídeo do mar, a perca Labraz, de carne muito apreciada. Deliciosa esta carne. Quanto mais devagar se pesca, mais delicioso é o robalo. Comemos tanta coisa. Não sabemos quase nada", refere a sinopse da peça.
A criação, dramaturgia e ideia original é de António Alvarenga, com co-criação e interpretação de Cristóvão Cunha, também responsável pela luz e a direção técnica, e a participação especial de Sofia Dinger.
Da programação completa hoje divulgada do primeiro momento do festival - que reúne nove obras de teatro, dança, filmes e instalação -, marcará presença, a 27 e 28 de maio, Jessica Guez, que traz pela primeira vez a Portugal a performance "Looking from a window above", a apresentar no Centro de Artes de Lisboa.
Entre a exposição e o espetáculo, “Looking from a window above” inspira-se nos vários sítios onde a artista desenvolve as suas práticas - o quarto, o ateliê e a cena - nascendo de "um desejo bastante simples: dançar com as suas pinturas", indica a programação.
O conceito, a coreografia e interpretação são de Jessica Guez, artista e performer transdisciplinar francesa que dança com pinturas, algumas da sua autoria, e "apropria-se da arte com o corpo e a imaginação". A dramaturgia e acompanhamento artístico são de Maša Tomšič e Bernardo Chatillon.
No início de junho, o festival traz a Lisboa três estreias absolutas, entre os dias 1 e 3: o coletivo Truta no Buraco apresenta a peça "Os mortos têm todos as mesmas penas" no Damas Bar, que fica em cartaz nos dias 2 a 4; o Teatro Ibérico acolhe a peça "Wild Flowers", de Rui Neto, durante esse fim de semana, sendo ainda possível, explorar o vale de Alcântara através do percurso performativo criado por Joana Braga e Diogo Alvim, intitulado "Os Passos em Volta".
“Ao longo do tempo das nossas vidas humanas há um ponto em que sentimos claramente que o chão começa a puxar, devagarinho, o corpo começa a ganhar peso. Então atiramos os olhos para cima, as mãos erguidas em flor a abocanhar o céu, a implorar tréguas à gravidade”, indica o texto de "Os mortos têm todos as mesmas penas", assinado por Andreia Farinha.
Enquanto “para uns é assim que se encontra Deus, para outros é assim que se descobrem as aves”, aqui reside a ideia principal do espetáculo que tem conceção e encenação de Andreia Farinha, João Melo, Anafaia Supico e Raphael Soares.
Quanto a “The Wild Flowers”, também em estreia, é um projeto pop-experimental em torno da peça “Hamlet”, de William Shakespeare, que se propõe fazer uma desconstrução do clássico, perseguindo um cruzamento do teatro com o vídeo, e uma pesquisa do ‘espaço-personagem’ Hamlet.
Ainda que ancorada no texto original, “é uma reescrita original do clássico, assente na exploração do corpo enquanto vocábulo da ação, transpondo os limites da linguagem falada e da identidade de género”, segundo a produção.
Neste projeto de Rui Neto, a partir de Shakespeare, são intérpretes Francisco Monteiro Lopes, Helena Caldeira e Miguel Amorim, e, em vídeo, Luís Gaspar, Ricardo Raposo, São José Correia, André Leitão, Nuno Pinheiro e Telmo Ramalho.
Uma semana depois, a programação do Momento I prossegue com a instalação "Sete dias com o mar à minha esquerda", de Francisca Manuel, aberta ao público entre 08 e 10 de junho, na Rua das Gaivotas, 6, sobre um grupo de mulheres que contorna a Ilha do Pico, a segunda maior do arquipélago dos Açores, numa longa caminhada.
"Durante esse percurso e num ambiente insular apocalíptico, a busca por uma figura perdida mistura-se com questionamentos sobre as suas existências individuais", descreve a sinopse do trabalho que tem criação, realização, argumento e produção de Francisca Manuel.
Na sexta-feira, 9 de junho, serão exibidos, em estreia absoluta, os filmes "Darktraces: on ghosts and spectral dances", de Joana Castro e João Catarino, e "Proskenion", de Eduardo Breda, no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva.
A 21.ª edição do Temps D'Images irá encerrar este Momento I com a performance "1 Ano Antes", de Luísa Fidalgo, a apresentar nos dias 10 e 11 de junho no Espaço Casa Cheia, um novo parceiro do evento.
O Temps d'Images - festival multidisciplinar que assinalou em 2022 duas décadas de atividade - é uma produção da DuplaCena/Horta Seca financiado pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa.
De acordo com a organização, desde que o certame surgiu, em 2003, apresentou mais de 400 peças, muitas delas inéditas, de autores portugueses e estrangeiros, em diversos formatos e géneros, incluindo a performance, teatro, instalação, cinema, dança, fotografia e música.
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