
O famoso escritor russo Boris Akunin, crítico de Vladimir Putin e no exílio há mais de uma década, foi condenado na segunda-feira à revelia a 14 anos de prisão, anunciaram as agências estatais russas de notícias.
Um tribunal militar "condenou-o à revelia a 14 anos de prisão" por apologia ao "terrorismo", informou a Ria Novosti.
A viver em Londres desde 2014, o autor, de nome verdadeiro Grigori Tchkhartishvili, conhecido pelos seus romances históricos, em particular a saga "As Investigações de Erastus Fandorin", um herói que viveu na era czarista, e ainda História do Estado Russo", uma compilação de nove volumes que traça os desenvolvimentos do Estado russo até a revolução de 1917, já integrava a lista de "terroristas e extremistas" e era considerado "agente estrangeiro" pela sua oposição ao Kremlin e à ofensiva militar na Ucrânia.
A 24 de fevereiro de 2022, lamentou numa publicação na rede social Facebook a eclosão de “uma guerra absurda” na Ucrânia e foi, entretanto, cofundador do projeto “Nastoyashchaia Rossia” (“Rússia Real”), apoiado por diversas personalidades da cultura no exílio e destinado a apoiar os refugiados ucranianos.
Desta vez, ele foi julgado por uma publicação que fez em 2014 na rede social Telegram, onde se pronunciava "a favor da revolução" na Rússia, segundo o portal independente o portal independente Mediazona.
Também foi declarado culpado de "contribuir para atividades terroristas" e "não cumprir com as suas obrigações de informação como agente estrangeiro".
Na sua página do Facebook, Akunin, cujo verdadeiro nome é Grigori Tchkhartichvili, gozou com a condenação, que inclui a proibição de acesso à Internet.
Prometeu que a sua próxima publicação nas redes sociais seria "em 2043" ou "talvez um pouco antes, pouco depois de Putin ser eleito para um sétimo mandato".
Em tom irónico, disse que voltaria "em plena forma, aos 87 anos, completamente reeducado".
Akunin, de 69 anos, é um dos escritores mais populares da Rússia apesar de viver no exílio, segundo uma pesquisa publicada no sábado pelo jornal Vedomosti.
O autor abandonou o país depois de a Rússia anexar a península ucraniana da Crimeia em 2014.
A lista russa de "agentes estrangeiros" - rótulo que costuma dar aos opositores - atualmente inclui mil pessoas.
O estatuto de “agente estrangeiro” impõe restrições administrativas pesadas na Rússia às pessoas ou entidades envolvidas, incluindo a monitorização regular das suas fontes de financiamento.
Exige também que qualquer publicação, incluindo nas redes sociais, seja acompanhada do rótulo “agente estrangeiro”.
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