“Araca põe à disposição da representação diplomática de Portugal todos os seus recursos, a nossa equipa editorial e de distribuição para que, em cooperação, possamos materializar publicações em português ou bilingues [em português e castelhano], que seriam de interesse para nós [venezuelanos] e também para a comunidade portuguesa”, disse a gestora de edições.
Felgris Araca falava na segunda-feira, à margem da 21.ª Feira Internacional do Livro da Universidade de Carabobo, que durante cinco dias assinalou, com diversos atos culturais, o quinto centenário do nascimento do poeta português Luís Vaz de Camões, na cidade venezuelana de Valência, estado de Carabobo (170 quilómetros a oeste de Caracas).
“Desde há dois anos que tenho visto que as representações diplomáticas europeias, nomeadamente a francesa, italiana e a alemã, mais ativas na vida cultural venezuelana, mas percebo que Portugal é um pouco mais conservador e convido-os a que sejam mais ativos, a que nos mostrem os benefícios do seu país, da sua cultura”, disse.
Felgris Araca explicou que, quando os venezuelanos pensam em aprender português, pensam no Brasil, porque está mais perto.
“Eu, por exemplo, estou a estudar português e descobri que o idioma que se fala no Brasil é diferente do que falam em Portugal, em entonação, em cor, em modismos, em música (…) seria interessante poder disponibilizar o arco-íris cultural luso para poder conhecê-lo”, disse.
Felgris Araca explicou ainda que procurou, sem sucesso, textos em idioma português nas principais livrarias da capital, Caracas.
“Fiz uma busca de textos para exercitar a minha leitura e a prática do idioma e não consegui nada nas livrarias. Tive de comprar textos através da Internet, em formato digital, quando prefiro ler em formato impresso”, explicou, precisando que foi através da Internet que conseguiu encontrar “uma academia de português brasileiro” há um ano.
Segundo Rainer Sousa, coordenador do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua na Venezuela, atualmente mais de 11 mil estudantes estão a aprender a língua portuguesa em dezenas de instituições educativas venezuelanas e inclusive no sistema educativo oficial local.
“De sublinhar a aposta que o Camões faz no ensino do português aqui na Venezuela, enviando todos os anos algumas toneladas de manuais que depois são distribuídos pelas escolas ou instituições que adotaram o português tanto a nível curricular como extracurricular. São manuais didáticos para jovens e dicionários que oferecemos às escolas que depois põe à disposição dos estudantes”, disse.
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