Fernando Duarte, cofundador da companhia Dança em Diálogos, foi escolhido através de um concurso internacional lançado em março deste ano, e vai iniciar funções a 2 de setembro, sucedendo a Carlos Prado, atual diretor, que termina o mandato a 30 de agosto.
Nascido em Lisboa, em 1979, Fernando Duarte estudou na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, sob orientação dos professores Maria Bessa e António Rodrigues, estagiou na Companhia de Dança Contemporânea, foi bailarino principal da CNB e solista no Ballet Nacional da Noruega.
O júri do concurso foi dirigido pela presidente do conselho de administração do Opart, Conceição Amaral, e composto por Rui Morais, vogal da administração do Opart, Mark Deputter, administrador e diretor artístico da Fundação Culturgest, Olga Roriz, coreógrafa e diretora da Companhia Olga Roriz, e Ted Brandsen, coreógrafo e diretor artístico do Ballet Nacional Neerlandês.
Na justificação da escolha, o júri considerou que, "apesar da grande qualidade das cinco candidaturas selecionadas para a fase das entrevistas, a proposta programática, a formação e a experiência artística de Fernando Duarte reuniram unanimidade na decisão, distinguindo-se pela sua clareza e abrangência", indica a nota de imprensa.
O concurso internacional recebeu um total de 46 candidaturas, nove de cidadãos portugueses e 37 de estrangeiros, 21 elegíveis, segundo a mesma fonte do Opart.
Contactada pela agência Lusa sobre a próxima temporada da CNB – relativa a 2024-2025 - fonte do Opart indicou que ainda foi desenhada por Carlos Prado e "será apresentada em breve".
Na justificação da escolha de Fernando Duarte, o júri realçou ainda “o seu percurso pessoal e artístico, bem como o seu conhecimento do setor das artes performativas”, evidenciam igualmente “a sua preparação para a necessária representação institucional, resolução de problemas e para a gestão de equipas" na CNB.
Fernando Duarte - que irá liderar a direção artística até setembro de 2028 - segundo o comunicado, diz querer "contribuir para um serviço público de excelência em dança, por todo o território nacional, evidenciando também a sua dimensão internacional".
O novo diretor artístico da CNB “posiciona o seu projeto na cena artística global e apresenta um modelo de gestão artística integrada, que articula valores como a excelência técnica e artística do corpo artístico e de criadores, a participação comunitária, a coesão social e cultural, a formação contínua, o pensamento, a acessibilidade, a sustentabilidade (financeira e ambiental), a diversidade e o desenvolvimento e bem-estar coletivo”.
Para a concretização do projeto proposto, Fernando Duarte realça ainda a importância das parcerias estratégicas, através da criação de colaborações com organizações e líderes ao nível da criação artística, do pensamento e da tecnologia, pela inovação.
Sobre a quantidade, qualidade e diversidade das propostas recebidas no concurso, o Opart sublinha que “revelou a importância que a Companhia Nacional de Bailado tem na comunidade artística a nível nacional e internacional”.
Fernando Duarte ingressou na CNB em 1996, onde foi bailarino principal, e dançou os papéis principais do repertório clássico, assim como bailados do universo neoclássico e contemporâneo. Nos anos 2005 e 2007, foi solista no Ballet Nacional da Noruega.
Em 2011 tornou-se mestre de bailado na CNB, cargo que desempenhou até 2017, e criou novas versões dos bailados "O Lago dos Cisnes" (2013), "Quebra-Nozes" (2014), "O Pássaro de Fogo" (2015) e "La Bayadère" (2016).
A sua experiência enquanto professor de técnica de dança clássica no ensino artístico especializado remonta a 2008, quando lecionou na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, sendo, desde 2018, docente na Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional.
Paralelamente, Fernando Duarte foi ainda professor convidado em diversas escolas de dança nacionais e internacionais.
Em 2018 fundou e assumiu a codireção artística da companhia Dança em Diálogos, com Solange Melo, e, nesse ano, foi-lhe atribuído o Prémio da Dança Anna Mascolo da Mirpuri Foundation, com o bailado ""Murmúrios de Pedro e Inês".
Entre 2021 e 2023, foi diretor artístico e orientador no projeto Radio(grafias) Iguais, da Dança em Diálogos, um projeto de coesão social e artística, que fez parte da primeira edição do programa PARTIS & Art for Change da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação La Caixa.
Fernando Duarte é ainda, desde 2021, cocurador artístico do Ciclo de Bailado em Seteais e, desde 2022, do ciclo “A Música também Dança”, do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
O novo diretor da CNB é doutorando em Estudos Artísticos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador doutorando no Instituto de História de Arte.
A sua área de investigação debruça-se sobre a narratividade e coreologia nos bailados narrativos contemporâneos. Noutra linha de investigação, dedica-se à articulação entre a teoria e a prática da dança, e como esta pode ser refletida no campo da criação coreográfica.
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