A Câmara de Lisboa afirmou hoje que está a trabalhar com os Artistas Unidos “na solução definitiva” de um espaço para acolher esta companhia de teatro, indicando que está a fazer a obra para que voltem ao Bairro Alto.

“Estamos a trabalhar com eles na solução definitiva, que é precisamente voltarem ao Bairro Alto, ao sítio que deixaram em 2002, portanto estamos a fazer a obra para que os Artistas Unidos voltem ao Bairro Alto e é com eles que estamos a trabalhar e é isso que vamos conseguir”, afirmou a vereadora das Obras Municipais na Câmara de Lisboa, Filipa Roseta (PSD), na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.

A situação dos Artistas Unidos foi abordada pela deputada municipal do PCP Natacha Amaro, lembrando que, enquanto decorre a reunião da assembleia, esta companhia de teatro está a entregar a chave do Teatro da Politécnica, onde esteve nos últimos 13 anos.

“Hoje encerra o Teatro Paulo Claro/Teatro da Politécnica, o pavilhão junto à entrada do Jardim Botânico de Lisboa, depois de mais de 130 espetáculos apresentados”, indicou a deputada do PCP, considerando que este é “um espaço emblemático” para a cultura e o teatro da cidade de Lisboa e do país.

Assinalando elementos da cronologia do encerramento deste espaço, a comunista realçou que, em abril de 2022, o PCP expôs na assembleia municipal a situação dos Artistas Unidos e a anunciada saída do espaço onde estavam, dada a não renovação do contrato por parte da Reitoria da Universidade de Lisboa.

Neste âmbito, a assembleia aprovou uma recomendação à câmara para “que envide com caráter de urgência todos os esforços e analise a melhor forma de garantir a permanência da companhia Artistas Unidos em Lisboa, dado o elevado interesse cultural do trabalho desenvolvido de produção e criação, e reconhecido pelo município”.

Apesar de reconhecer que as recomendações deste órgão deliberativo do município não são vinculativas, Natacha Amaro sublinhou que estas “não poderão ser desvalorizadas e remetidas a uma gaveta que não se abre”, referindo que se passaram dois anos e tês meses “e nada foi conseguido”.

“A maior câmara do país, com o maior orçamento municipal do país, que é o maior proprietário do país, não conseguiu encontrar, em mais de dois anos, uma solução para os Artistas Unidos. Não por falta de meios, não por desconhecimento, não por não ter essa responsabilidade, porque já em 2002, aquando da saída de A Capital, no Bairro Alto, houve compromisso da autarquia de Lisboa no sentido de encontrar uma solução ‘duradoura, estável e digna para esta companhia’”, recordou a deputada do PCP.

Reforçando que os Artistas Unidos estão hoje a guardar em sacos e caixotes os seus materiais para saírem do Teatro da Politécnica e “não têm para onde ir”, Natacha Amaro disse que o projeto de fazer de A Capital um futuro Centro de Artes, ideia nascida no fim do século passado e relembrada à Câmara de Lisboa pela última vez em 2022, “continua sem sair do papel”.

Em resposta à intervenção da vereadora das Obras Municipais, a deputada do PCP afirmou que “seria muitíssimo positivo se, quando o espaço de A Capital abrisse como Centro de Artes, ainda houvesse uma companhia de teatro chamada Artistas Unidos a funcionar em Portugal”, considerando que a atual situação indica que “esse é um risco”.

Na quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), revelou que a companhia de teatro Artistas Unidos será acolhida no Teatro Variedades, no Parque Mayer, que vai reabrir em 05 de outubro, após obras de reabilitação.

"A reabertura do Teatro Variedades vai juntar companhias independentes que não têm 'casa' e não têm nada a ver umas com as outras. Vamos lá ter os Artistas Unidos, a Marina Mota, o teatro de revista", disse Carlos Moedas, escusando-se, para já, a mais detalhes sobre a programação do espaço.