A estas exposições, a decorrer até 2025 em vários espaços culturais de Cascais, irão juntar-se concertos, espetáculos de teatro, conferências e oficinas para vários públicos, indicou o presidente da Fundação D. Luís, Salvato Teles de Menezes, em declarações à agência Lusa.
“Era impossível concentrar todo o programa gizado num ano, não havia tempo e espaço disponíveis. Estas nossas atividades, algumas delas grandes manifestações culturais, têm uma duração longa para que o público as possa aproveitar o mais possível”, comentou o responsável pela entidade que gere os espaços culturais de Cascais sobre o facto das iniciativas se prolongarem até 2025.
No âmbito dos 50 anos da revolução, vai ser inaugurada a 18 de abril, na Casa das Histórias, uma exposição que evoca a primeira mostra individual da pintora Paula Rego (1935-2022), há quase 60 anos, numa época de "repressão e violência política", com 70 obras desafiadoras da ditadura e críticas do período pós-revolucionário.
Incluirá obras simbólicas da artista, como “Salazar a vomitar a Pátria” (1960), abrangendo ainda a revolução do 25 de Abril, o período pós-revolucionário e o papel das mulheres na luta pela democracia e pelos seus direitos.
Para “aproveitar as sinergias criadas através do conceito Bairro dos Museus”, que reúne 17 equipamentos culturais em Cascais, foi criada uma “programação integrada e em colaboração com o serviço educativo, as escolas e a Associação 25 de Abril”, sublinhou Telles de Menezes à Lusa.
Ainda que algumas atividades culturais já estejam a acontecer, “a programação oficial arranca a 5 de março, com a colocação de duas esculturas alusivas às principais reuniões da conspiração [para a revolução de 1974] realizadas em Cascais, onde esteve um número de significativo de militares revoltosos”, indicou.
Nesse dia, serão inauguradas duas girândolas de luz referenciadora de cada reunião conspirativa, uma ocorrida no ateliê do arquiteto Braula Reis, na Rua Visconde Luz, e outra no Monte Estoril, com a presença de entidades oficiais.
Está ainda prevista a realização de uma exposição virtual, em setembro, no âmbito do trabalho do grupo de cultura da Área Metropolitana de Lisboa alusivo ao cinquentenário da revolução, numa iniciativa comum aos 18 municípios, “sendo que Cascais irá apresentar a temática do 25 de Abril ligada à literatura”.
Em 2025, será realizada “uma grande exposição organizada com o Museu do Neorrealismo, de Vila Franca de Xira, para ser apresentada na sala de exposições do Palácio da Presidência na Cidadela de Cascais, com os grandes pintores do período neorrealista, relacionados com o antes e o depois do 25 de abril”.
Contactado pela Lusa, David Santos, diretor do Museu do Neorrealismo, em Vila Franca de Xira, que será cocurador, com Jorge Calado, revelou que a mostra será "uma coletiva da coleção do museu, como obras de artistas ligados ao neorrealismo português", em pintura, desenho, escultura, fotografia, e também internacional, com fotografia.
A inauguração está prevista para "março ou abril de 2025 e o título ainda não está definido", disse David Santos, acrescentando que estarão representados artistas como Júlio Pomar, Maria Barreira, Rogério Ribeiro, José Dias Coelho, Margarida Tengarrinha, Querubim Lapa, Jorge Vieira, entre outros.
Outra exposição já patente, e que vai continuar até maio, na Casa Sommer, é “História(s) de Portugal em Caricatura: Augusto Cid, 1941-2019”, com a obra do cartoonista cujo espólio foi depositado no Arquivo Municipal de Cascais.
O Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades de Faria, no Estoril, irá colocar em destaque peças do acervo de Fernando Lopes-Graça (1906-1994) e de Michel Giacometti (1929-1990), a abordar a revolução em diferentes temáticas.
Além da programação dos museus, organizada pelo Departamento de Museus e Promoção Cultural, também o Departamento de Arquivo de Arquivos, Bibliotecas e Património Histórico irá desenvolver uma programação dedicada aos 50 anos do 25 de Abril, em espaços como o Arquivo Histórico Municipal de Cascais – Casa Sommer e as bibliotecas municipais
Nesta programação caberá um encontro nacional em colaboração com a Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação dedicada ao tema “Arquivos e Bibliotecas: O que mudou nos últimos 50 anos”.
Está ainda previsto um ciclo de “Conferências sobre Liberdade(s)” para o público adulto, e eventos para o público infantil, nomeadamente teatro, leituras encenadas, oficinas de expressão plástica e dramática, e mostras bibliográficas.
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