"Penso que esta temporada, como sempre, mantém a ambição de ser extrema. E é a mais extrema", conta Myha'la Herrold quando questionada pelo SAPO Mag numa mesa-redonda virtual com a imprensa dedicada a "Industry".
"Os nossos guionistas, Mickey e Conrad [com quem o SAPO Mag também falou], têm menos preocupações, e pensam 'O que posso escrever? Nas profundezas do meu cérebro, o que é que eu poderia escrever que seria mais louco'?", explica a atriz atriz afro-americana que encarna Harper Stern na série nascida de uma colaboração da HBO com a BBC. "E agora eles têm confiança em nós e dizem-nos que faremos tudo o que eles escreverem. Este ano, soltámo-nos a sério, permitimo-nos voar e vamos a lugares onde nunca estivemos antes", acrescenta sobre a terceira temporada do drama empresarial, estreada a 12 de agosto na Max.
E para onde vai a sua personagem, depois de um percurso de ascensão e queda no qual entrou e saiu do banco internacional Pierpoint & Co, sediado em Londres? "Sinto que ela vai a dois sítios onde nunca esteve antes. Ela é o menos influente que já foi e depois o mais influente que já foi. E a viagem do ponto A ao ponto B é nova. Ela move-se de forma ligeiramente diferente desta vez", avança, deixando mais algumas pistas. "Ela move-se de uma forma que penso que muitas pessoas não esperariam que ela fizesse. Toma decisões, algumas decisões, baseadas, por exemplo, no amor verdadeiro, e tenta tomar algumas decisões éticas nos negócios, o que é novo para ela", especifica.
"Penso que, pela primeira vez, a Harper se coloca a questão: tenho de trabalhar da forma como trabalhei? Tenho de me movimentar da forma que me ensinaram? É assim que nos movemos neste negócio. São tantas as estreias para ela. A primeira vez num cargo muito, muito inferior, a primeira vez como o tipo de pessoa que dá todas as ordens. É a primeira vez que trabalha numa parceria desta forma com outra mulher que a desafia da forma como a Petra o faz", assinala sobre a colaboração que virou o jogo para todas as personagens no terceiro episódio da temporada, "It", disponível na plataforma de streaming desde a passada segunda-feira, 26 de agosto.
Uma fase com "níveis diferentes de ansiedade"
Tal como Harper Stern, Yasmin Kara-Hanani atravessa uma fase decisiva ao longo da temporada. "É definitivamente um lugar diferente para a Yasmin", vinca Marisa Abela, que encarna uma das profissionais mais faladas da Pierpoint & Co - não necessariamente pelos melhores motivos, dada a atenção que desperta junto da implacável imprensa cor de rosa britânica.
"Quer dizer, já a tínhamos visto ansiosa e vulnerável antes. Ela estava num estado de luta ou fuga. E acho que esse é um sítio muito difícil de estar durante um período de tempo prolongado. É incrivelmente traumatizante. E há níveis diferentes de ansiedade. Há a ansiedade em relação a uma situação específica. E depois há apenas um sentimento de inércia. Há uma incapacidade de sentir outra coisa que não seja medo, e acho que ela tem muito, muito medo", complementa a atriz britânica.
"Por isso, acho que faz sentido as relações dela serem como são nesta temporada. A relação dela com a Harper... assim que a vê, é incrivelmente reconfortante porque ela é a única pessoa no mundo que sabe o que se está a passar", assinala. Mas outra figura crucial para a história recente de Yasmin é o empresário Henry Muck, uma das novas personagens, entregue a Kit Harington (também entrevistado pelo SAPO Mag). "Ele está a oferecer-lhe um nível de segurança e tranquilidade que ela acha que não vai conseguir em mais lado nenhum", aponta Marisa Abela.
"Foi fantástico trabalhar com o Kit. Acho que, quando se está numa série como esta e chegamos à terceira temporada, há pressão para mantermos as personagens frescas e excitantes. É claro que já conhecemos a Yasmin, mas, tal como qualquer pessoa, ela deve mudar, evoluir e sentir-se diferente. A escrita ajuda, sem dúvida, mas também é muito útil trabalhar com novas personagens e novos atores, porque permitem mostrar um novo lado da Yasmin. E quando se trata de alguém como o Kit, é muito divertido. Acho que o que o Henry mostra da Yasmin é um lado dela muito agradável de interpretar. É ela no seu melhor. Não sei qual é a palavra correta, mas ela tem permissão. Ela sente, pelo menos, que lhe é permitido deixar transparecer o seu lado mais feio, em termos sociais, e de como se sente em relação ao mundo", nota.
Já para Harper, mostrar essa faceta mais desregrada sempre foi uma das suas características principais desde o início da série. "Julgo que a Harper é um produto do seu ambiente e as pessoas só a consideram uma cabra porque é uma mulher. Ninguém fala do Rishi desta maneira. Ninguém diz que ele é uma ameaça. Bem, talvez o façamos nesta temporada [fica o aviso: há grandes desenvolvimentos deste arco no quarto episódio, que se estreia na próxima segunda-feira], mas percebem o que quero dizer? O Eric move-se constantemente dessa forma. Eles só estão a dizer isso sobre ela porque ela é jovem e uma mulher, e não é culpa dela ser louca. Tenho de dizer isto como alguém que a ama profundamente", confessa Myha'la Herrold, entre risos. "Ela aprendeu pelo exemplo. Está apenas a fazer um bom trabalho. Sim, o mal é deles. Eles criaram um monstro", frisa.
Yasmin tem tido um trajeto profissional menos controverso, mas não deixa de ser uma presença ambígua, como a maioria das personagens de "Industry". "Há partes da personalidade dela e das escolhas que ela faz com as quais não me identifico, mas que consigo compreender. Acho que é aí que reside a maior parte da diversão, nas facetas mais diferentes, porque podemos explorar uma parte de nós próprios que normalmente não exploramos. Mas simpatizei mais com ela nesta temporada, na verdade, do que antes, porque ela estava numa situação tão desesperada", conclui Marisa Abela.
TRAILER DA TERCEIRA TEMPORADA DE "INDUSTRY":
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