Astérix e Obélix, os adorados heróis franceses da banda desenhada, estão prontos para a sua mais recente encarnação: uma minissérie da Netflix que é lançada esta quarta-feira com a esperança de conquistar novos fãs, principalmente nos EUA e na Ásia.

Os destemidos rebeldes gauleses, criados pelo desenhador Albert Uderzo e pelo argumentista René Goscinny em 1959, têm um vasto público graças às bandas desenhadas originais, que venderam cerca de 400 milhões de exemplares.

Uma série de filmes franceses de grande orçamento — o mais recente em 2023 levou-os à China com "Astérix & Obélix: O Império do Meio" — também ajudou a expandir o seu alcance.

Mas o guerreiro Astérix e o seu poderoso, porém pouco inteligente, companheiro Obélix ainda não conquistaram o público nos EUA e no Reino Unido, que têm as suas próprias personagens de banda desenhada e animação da Marvel, Disney e outras sagas.

créditos: Netflix

"Infelizmente, muitas vezes, nesses mercados, os filmes do Astérix tendem a ser lançados em cinemas arthouse [circuito independente alternativo]", disse Celeste Surugue, chefe da editora Les Éditions Albert René, detentora dos direitos das bandas desenhadas originais.

Embora os contos de aventuras da era romana tenham seguidores na Austrália e na Nova Zelândia, a Ásia também continua a ser um ponto fraco global para os gauleses oprimidos, viciados em poções.

"A força de uma plataforma de streaming é que o acesso aos espectadores não é limitado pela distribuição", destacou Surugue.

A Netflix está pronta para lançar a nova minissérie de animação em cinco episódios baseada no álbum de 1966 "Astérix - O Combate dos Chefes", com o título "Astérix & Obélix: O Combate dos Chefes", em 190 países, com versões em 38 idiomas diferentes, incluindo mandarim, coreano e árabe.

A realização é de Alain Chabat, 23 anos após o seu sucesso com "Astérix & Obélix: Missão Cleópatra", protagonizado por Gérard Depardieu, Monica Bellucci, Christian Clavier e Jamel Debbouze, que continua a ser um dos filmes de maior sucesso nas bilheteiras da França de todos os tempos.

"Grande trabalho"

créditos: Netflix

A Netflix já tem um passado com Astérix, tendo experimentado os direitos de streaming com "Astérix & Obélix: O Império do Meio" em 2023, que contou com a participação de Marion Cotillard e Vincent Cassel, mas sofreu com críticas negativas.

A plataforma também ajudou a levar outras produções francesas para um público global, superando a tradicional aversão dos espetadores de língua inglesa às legendas com séries de sucesso como "Lupin" e "Dez Por Cento".

Ao criar a dobragem da nova série, pôde contar com as 120 traduções diferentes da banda desenhada original francesa, bem como com as versões em línguas estrangeiras dos filmes anteriores.

"Fizeram um grande trabalho", disse Surugue.

Alain Chabat à direita créditos: Netflix

"Astérix & Obélix: O Combate dos Chefes" passa-se no ano 50 a.C., com a aldeia indomável ainda a ser o último reduto gaulês contra a ocupação romana.

A dupla supervisiona a resistência, incluindo uma luta entre o seu chefe Vitalstatistix e um rival local apoiado pelos romanos, enquanto lutam contra a perda da receita da poção mágica que dá aos aldeões a sua força sobre-humana.

"Sempre gostei de 'O Combate dos Chefes' pela dinâmica com os galo-romanos. Aqui, há verdadeiros invasores, combatentes da resistência e colaboradores", disse o realizador Alain Chabat a jornalistas em março.

Já o 41.º álbum, “Astérix en Lusitanie”, será lançado a 23 de outubro em 18 línguas e levará as duas personagens pela primeira vez à Lusitânia, território que é hoje Portugal.