De Pink a Coldplay, nomes como Bruce Springsteen, Drake, SZA e The Weeknd, 2023 deve ocupar o título de melhor ano da história para a música ao vivo. Mas Taylor Swift e Beyoncé são as rainhas.
"Nunca vi tantos artistas ao mesmo tempo no mesmo espaço", disse à AFP a professora da American University, Stacy Merida, especializada na indústria da música.
Até mesmo Madonna - que no início dos anos 1990 criou a digressão contemporânea como conhecemos, com cenários e figurinos elaborados - tinha programado o início de sua digressão para julho. As datas, entretanto, foram adiadas por motivos de saúde. Agora, a cantora de 64 anos espera começar seus espetáculos em outubro, na Europa, e reagendar as datas nos Estados Unidos.
Mas é Taylor Swift, que fará 106 concertos na "The Eras Tour", e Beyoncé, prestes a começar a etapa norte-americana da "Renaissance Tour", que estão perto de atingir a receita de mil milhões de dólares.
Coleção de recordes
Caso qualquer uma das duas rainhas da pop chegue a esta marca, Elton John será ultrapassado.
A recém-terminada digressão de despedida do cantor, "Farewell Yellow Brick Road", que começou em 2018, arrecadou mais de 910 milhões até ao dia 18 de junho - algumas semanas antes de seu último concerto em Estocolmo, a 8 de julho -, segundo cálculos da Billboard.
Elton John superou o recorde anterior de Ed Sheeran, que faturou 776 milhões de dólares durante a "Divide Tour", entre 2017 e 2019.
Parte desses números vertiginosos é explicada pelo aumento dos preços dos bilhetes. Ed Sheeran cobrou até 90 euros (em Portugal), mas subiu a palco mais de de 200 vezes. Os bilhetes para 'Bey' e 'Tay' custam, em média, mais do que o dobro.
A Live Nation, que se fundiu à Ticketmaster em 2010, diz que já vendeu 100 milhões de entradas para os concertos de 2023, mais do que o total comercializado no ano de 2019.
A empresa faturou 4,4 mil milhões de dólares no segundo trimestre deste ano, com a venda de entradas para cerca de 12 500 eventos para 33,5 milhões de fãs.
"Com a maior parte do mundo totalmente reaberta, está claro que os concertos continuam sendo uma alta prioridade para os fãs", disse a Live Nation no seu relatório de receitas.
Mas há (muitas) reclamações
Como a oferta e procura aumentaram, as reclamações sobre o monopólio da Live Nation e da Ticketmaster também cresceram.
Os espectadores reclamam há anos sobre as taxas ocultas, o aumento de custos, a proliferação da revenda e o número limitado de bilhetes devido à pré-venda.
As reclamações surgiram novamente este ano, depois dos problemas na venda de bilhetes para os concertos de Taylor Swift, que provocaram duras críticas sobre supostas práticas anticompetitivas e pedidos para a dissolução da empresa. Em Portugal, os bilhetes para os concertos da norte-americanos foram vendidos pela See Tickets e não pela empresa norte-americana.
"O monopólio integrado vertical realmente tem muitos efeitos dominó em termos de preços", disse o veterano da indústria da música Andrew Leff, professor da Universidade do Sul da Califórnia.
"Se és a Ticketmaster, podes cobrar o quanto quiseres e não tens concorrência, e surge uma procura intensa por Taylor Swift ou Beyoncé, isso é simplesmente economia de oferta e procura", disse à AFP.
A elite... e o resto
As digressões são a salvação para artistas cujas as receitas do streaming são insignificantes, sobretudo depois da pandemia da COVID-19. E, de acordo com Leff, a popularidade das digressões não está necessariamente a trazer benefícios para os concertos mais pequenos.
"Realmente existem duas indústrias musicais: uma para 1% (dos artistas) e outra para 99%", explica.
No outono passado, a artista independente Santigold foi uma das primeiras a falar sobre os desafios enfrentados por artistas com menos expressão no mercado. A cantora cancelou a digressão e alegou que era "simplesmente incapaz de fazer funcionar", principalmente devido à inflação e à competição num mercado saturado.
Enquanto isso, dados recentes da companhia de pesquisa QuestionPro sugerem que a digressão de Taylor Swift pode gerar cerca 4,6 mil milhões de dólares injetados nas economias locais dos Estados Unidos - hotéis, restaurantes e transporte.
Em maio, a 'Queen Bey' causou um "blip da Beyoncé" em Estocolmo, quando a passagem da digressçao "Renaissance" elevou a inflação sueca em cerca de 0,2 pontos percentuais, indicou o economista-chefe para a Suécia do Danske Bank, Michael Grahn.
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