A última atuação ao vivo de José Eduardo Martins tem início às 18:00, e acontece quando se assinalam os 70 anos da sua estreia num recital em São Paulo, cidade onde nasceu em 1938.
“Pianista perfeito”, como a crítica francesa o definiu, catedrático jubilado da Universidade de São Paulo, investigador, divulgador, José Eduardo Martins escolheu para o seu derradeiro programa os compositores brasileiros Henrique Oswald, Francisco Mignone e Gilberto Mendes, a par dos portugueses Carlos Seixas, Francisco de Lacerda, Fernando Lopes-Graça e Eurico Carrapatoso.
Segundo o pianista, o programa foi escolhido tendo em conta a ligação afetiva a Portugal, e recorda episódios do seu percurso, como as Sonatas de Carlos Seixas que apresentou no seu primeiro recital em Lisboa, em 1959, a convite de Fernando Lopes-Graça.
Numa discografia com 25 títulos, que atravessa o repertório pianístico do Barroco à contemporaneidade, José Eduardo Martins dedicou seis álbuns à música portuguesa.
Gravou a obra para piano solo de Francisco de Lacerda, fez a primeira gravação integral das “Viagens na Minha Terra”, de Fernando Lopes-Graça, que considerou “um dos mais destacados músicos do seu tempo”, dedicou dois álbuns às Sonatas de Carlos Seixas, defendendo que, “enquanto não estiver justamente conhecido e interpretado nas principais salas de concerto do mundo, uma falta irreparável estará a ser perpetrada.”
Do compositor romântico brasileiro Henrique Oswald, empreendeu o resgate de uma obra esquecida, tendo gravado a integral da sua música para violino e violoncelo e piano, assim como o Quarteto com piano e uma grande parte da sua obra para piano solo.
Em Portugal, depois do concerto no Museu Nacional da Música, José Eduardo Martins fará duas conferências em Évora e Coimbra.
“José Eduardo [Martins] é um intérprete excecional, com uma discografia exemplar”, escreveu o compositor e crítico francês François Servenière, num longo ensaio sobre o pianista brasileiro, publicado em 2011. “Martins é perfeito”, garante Servenière. "A música […] flui como uma corrente, nada a dispersa nem constrange. Poder-se-ia ouvir [os seus discos] sem parar, como uma antecâmara do paraíso.”
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