“In Between”, editado há três anos, marcou a estreia de Pedro Lucas a solo, depois de integrar os projetos Medeiros/Lucas e O Experimentar Na M’Incomoda.
É “uma coisa muito acústica, muito orgânica, foi quase tudo gravado ao mesmo tempo”, recordou o músico, compositor e produtor em entrevista à Lusa.
Inicialmente, Pedro Lucas tinha em mente fazer um álbum “muito parecido com os últimos discos de King Krule, que mete muita eletrónica, jazz e rock and roll”, mas uma “grande referência” para a criação musical em “Villains & Chieftains” acabou por ser o músico norte-americano Bill Whithers.
Para o afastamento da ideia inicial contribuiu a cantora, música e compositora Mariana Ricardo.
“Chegou a uma altura em que já tinha as canções mais ou menos feitas, mas na produção não conseguia tomar decisões. E havendo já essa ideia de trabalhar com um produtor que não fosse eu, a Mariana [Ricardo] veio ajudar-me muito a tomar decisões e a fazer escolhas”, recordou.
O álbum, editado pela Marca Pistola, acabou por “não ser tão eletrónico um bocadinho por ela”, que pôs “um bocadinho um travão, um freio” às ideias de Pedro Lucas.
Assim, “Villains & Chieftains” passou da hipótese de ser um álbum mais “radical, disruptivo”, para passar a estar mais ligado ao anterior.
“O outro disco tinha sido muito acústico, guitarras, violões, guitarras de ‘nylon’, este disco era para ser uma coisa bastante mais eletrónica, mas no fim acabou por ser mais equilibrado nesse sentido de percurso, porque liga mais ao outro disco”, referiu.
Se musicalmente as coisas mudaram um pouco, “[Leonard] Cohen e [Bob] Dylan hão de ser sempre referências nas palavras”, e nas canções de Pedro Lucas a palavra surge sempre primeiro.
“Depois, na maneira como vão ser gravadas e produzidas, já vou buscar referências mais plásticas, mais estéticas, de outra música” disse, dando também como referência para este álbum o trabalho do vocalista dos The Clash, Joe Strummer, a solo.
Nas letras dos dez temas que compõem “Villains & Chieftains” “há histórias bastante biográficas, que depois são muito ficcionadas”.
“Além de poetizadas são mesmo ficcionadas. E depois há coisas absolutamente ficcionadas, que levam elementos biográficos”, contou.
Quando se junta com os músicos com quem gravou o álbum (Pedro Branco, João Hasselberg e João Sousa), que serão os mesmos que o vão acompanhar ao vivo, Pedro Lucas já leva a estrutura melódica feita e as letras escritas.
Depois vai reescrevendo o que está feito, “porque entre escrever e musicar há diferenças”. “O tema ‘Borders’ teve umas sete versões. Juntamo-nos todos, vamos experimentando coisas e toda a gente dá a sua colherada”, disse.
A digressão de apresentação de “Villains & Chieftains” começa em 23 de março, em Ponta Delgada, no âmbito do Festival Tremor.
“Vamos tocar no Teatro Micaelense, onde foi o último concerto de O Experimentar Na M’Incomoda e o último concerto de com a banda completa Medeiros/Lucas – depois fizemos uma digressão e alguns concertos os dois – também foi no Teatro Micaelense. Desta vez estou a começar no Teatro Micaelense, para dizer ‘não é o último que vamos tocar’, para que não seja o último em que vamos tocar”, afirmou.
Antes de terminar o projeto P.S. Lucas, ainda falta a Pedro Lucas fazer, “pelo menos, um disco em português”. “Já tenho algumas coisas escritas. Quero escrever um disco em português, mais cedo que tarde”, disse.
“Villains & Chieftains” é também apresentado ao vivo em 03 de abril em Lisboa, no Musicbox. Entretanto, serão anunciadas mais datas.
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