Este voto de pesar foi apresentado por deputados do grupo parlamentar de amizade Portugal-Japão.
No texto, salienta-se que Sakamoto, que nasceu em Tóquio em 1952, começou a ter aulas de piano aos seis anos e frequentou a Tokyo University of the Arts, onde estudou música.
“Aí teve contacto com os primeiros sintetizadores e, entusiasmado com esse mundo, desde Debussy aos alemães Kraftwerk, começou a trabalhar em vários projetos musicais”, lê-se.
A carreira do compositor japonês, salienta-se, começaria depois, no final dos anos 1970, através da banda Yellow Magic Orchestra (YMO), que “abriu novos caminhos na música eletrónica” antes de se separar, em 1984.
A par da carreira musical, o voto de pesar refere ainda que, como ator, Sakamoto participou no filme “Feliz Natal, Mr. Lawrence” com o músico britânico David Bowie, tendo também desenvolvido o tema principal desse filme, galardoado com um prémio BAFTA.
“Sakamoto notabilizou-se como artista a solo, nomeadamente na composição de bandas sonoras, acabando por se tornar no primeiro japonês a ganhar um Óscar com a banda sonora do filme ‘O Último Imperador’, de Bernardo Bertolucci, em 1987”, refere o documento.
Os deputados salientam ainda que, durante a carreira de quase 50 anos, Sakamoto “colaborou com nomes como David Bowie, Sylvain Alva Noto, Bill Laswell, Iggy Pop, Caetano Veloso e o português Rodrigo Leão nos temas ‘António’ e ‘Rosa’, canções que integram o álbum de 2004 de [Rodrigo] Leão, ‘Cinema’”.
“Para além da música e do cinema, Ryuichi Sakamoto foi também um ativista pelo ambiente, tendo apoiado o movimento antinuclear após a tragédia na central japonesa de Fukushima”, destaca.
Os deputados assinalam assim o desaparecimento de Sakamoto “como uma perda no panorama cultural internacional”.
“A Assembleia da República, reunida em plenário, expressa o seu pesar pela morte de Ryuichi Sakamoto, compositor japonês que levou a música eletrónica por caminhos que perdurarão para sempre na nossa memória e endereça aos seus familiares e amigos os mais sentidos sentimentos”, sublinha o voto de pesar.
Ryuchi Sakamoto morreu na sexta-feira passada, aos 71 anos, vítima de cancro.
Sakamoto, que tinha recuperado há uns anos de um cancro na garganta, confirmou, no início de 2021, que sofria de cancro colorrectal. A evolução da doença tinha limitado as aparições públicas, concertos e entrevistas do músico nipónico nos últimos anos.
Sakamoto foi um dos compositores japoneses mais internacionais da atualidade, com uma obra que abrangeu várias etapas, desde o sucesso da YMO até à composição de bandas sonoras.
O último concerto de Ryuichi Sakamoto realizou-se a 11 de dezembro, em formato online, para que os fãs em diferentes fusos horários o pudessem ouvir.
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