10 anos depois da sua estreia no Palco Mundo, no Parque da Bela Vista, Ed Sheeran voltou ao Rock in Rio Lisboa, agora como estrela maior do dia. O britânico foi o cabeça de cartaz deste domingo, dia 16 de junho, e foi recebido em euforia pelos mais de 80 mil festivaleiros que encheram a nova Cidade do Rock.
Tal como tem acontecido em toda a digressão - que tem passado por vários estádios -, o artista trouxe até ao Parque Tejo todos os grandes sucessos da sua carreira. Ed Sheeran chegou ao circuito comercial do mundo da música há 13 anos, em 2011, e canção atrás de canção, o britânico foi conquistando os tops mundiais, sendo um dos artistas mais ouvidos nas plataformas de streaming. A popularidade das suas canções continua a refletir-se em concertos esgotados em todo o mundo, com as multidões a cantarem a uma só voz todos os temas do alinhamento.
Logo no arranque da noite, Ed Sheeran disparou "Castle on the Hill", "Shivers" e "The A Team", três dos seus maiores êxitos. A multidão soltou as vozes e foi o coro perfeito ao longo de toda a noite. Apesar de alguns problemas técnicos, a festa seguiu sem esmorecer. Entre canções, o artista explicou que "tudo o que acontece no concerto é ao vivo e sem recurso a faixas pré-gravadas". É Ed Sheeran sozinho em palco, com a sua guitarra e o seu looper.
Depois de agradecer à multidão e de recordar o concerto de 2014, o cantor continuou o desfile de sucessos com "Give Me Love" e as 80 mil pessoas cantaram em uníssono todos os versos - houve muitas lágrimas, abraços e sorrisos. A euforia repetiu-se com "Eyes Closed", que sucedeu a um medley que combinou "Take It Back", "Superstition" e "Ain't No Sunshine".
"Don't", "Loyal" e "No Diggity" abriram caminho para mais uma dose de emoções fortes com "Thinking Out Loud" e "Photograph".
Depois de "Sing", Ed Sheeran caminhou para o meio do palco e confessou que dar concertos é um "hobby" e que o seu trabalho é escrever canções, lembrando que compôs para outros artistas, como Justin Bieber. O mote estava dado e os acordes de "Love Yourself" começaram a ouvir-se no Parque Tejo.
Se o coração dos fãs já palpitava forte, ainda mais forte palpitou com “Perfect”, um dos singles de maior sucesso da carreira do artista. Com os telemóveis no ar, a multidão criou um manto de luzes no recinto do Rock in Rio Lisboa.
Para a reta final, o cantor guardou "Bloodstream", "You Need Me, I Don't Need You", "Shape of You" e "Bad Habits", que garantiram um 'até já' em total clima de festa.
Durante uma hora e 30 minutos, o "one man show" de Ed Sheeran foi o grande maestro da multidão e garantiu um dos concertos mais celebrados da edição de 20 anos do Rock in Rio Lisboa. No Parque Tejo, o britânico ofereceu tudo o que os fãs esperava e recebeu ovações sem fim - foi uma noite de sonho para todos. E se for sempre assim, os festivaleiros agradecem mais concertos em Portugal.
O dia também foi de sonho para os fãs de Jão, Fernando Daniel ou Jake Bugg
Ao final da tarde, foi a vez de Jão se estrear no Rock in Rio. O artista, que tem esgotado estádios no Brasil, foi recebido de braços abertos pela multidão que encheu o Parque Tejo.
Com um novo cenário em palco e acompanhado por uma ótima banda, o cantor fez uma viagem por todas as eras da sua carreira, num dos concertos mais ritmados, festivos e exuberantes do dia. "Idiota" "Lábia", "Meninos e Meninas" e "Exagerado", tema que conta com a participação de Luísa Sonza, não ficaram de fora do alinhamento certeiro.
"Pensava 'um dia vai rolar, um dia vai acontecer' e olha onde a gente está agora", frisou Jão, agradecendo todo o carinho dos fãs portugueses. "Aqui sinto-me em casa", rematou. E a casa há-de voltar, uma vez que prometeu regressar a Portugal em breve.
Em casa também se sentiu Fernando Daniel, que abriu o Palco Mundo perante um sol resplandecente e um recinto já amplamente concorrido. Sobretudo durante "Casa", dueto com Lukas Forchhammer, vocalista dos dinamarqueses Lukas Graham, banda que atuou horas depois no Palco Galp. Mas nem precisaria dessa surpresa para um concerto mais do que aprovado pela multidão que o aplaudiu e que dele se despediu entre gritos e braços no ar. E talvez esta colaboração nem seja a última dos próximos tempos, uma vez que está aberto a outras, conforme disse em entrevista ao SAPO Mag.
As emoções fortes mantiveram-se no concerto de Calum Scott, britânico especialmente adepto de baladas. "You Are The Reason" e a versão de "Dancing on My Own", de Robyn, que se afasta da pista de dança do original, são dois dos exemplos claros e dos que mais despertaram reações de comoção entre o público. "Foi assim que nasci, das lágrimas", confessou o artista em entrevista ao SAPO Mag a publicar esta segunda-feira, e as suas canções não o desmentem.
De lágrimas substancialmente mais contidas, Jake Bugg levou ao Palco Galp canções de uma secura indie folk que o tornaram uma "next big thing" britânica há mais de dez anos, quando ainda era adolescente, graças ao álbum de estreia homónimo, de 2012 (nomeado para o reputado Mercury Prize). Depois de um sucessor que nasceu rapidamente, "Shangri La" (2013), o entusiasmo crítico refreou, o cantautor de voz aguda testou outros territórios e aproximou-se da pop. Mas garantiu, em conversa com o SAPO Mag, que o próximo disco, "A Modern Day Distraction", agendado para setembro, é "um regresso às origens musicais". No Parque Tejo, apresentou o avanço "Zombieland", de costela roqueira acelerada, e recordou "Trouble Town", "Seen It All" ou "Lightning Bolt", dos primeiros tempos que já não voltam mas que poderão ser seguidos de um recomeço.
Outra revelação adolescente, Lauren Spencer-Smith estreou no Palco Tejo as canções de "Mirror", o seu primeiro álbum, editado no ano passado, num concerto que também contou com uma versão de "Rumour Has It", de Adele - a sua artista favorita "de todo o mundo", segundo partilhou na entrevista ao SAPO Mag a publicar esta segunda-feira.
Pelo segundo dia da décima edição do evento passaram ainda Iñigo Quintero (o espanhol que conquistou o mundo com uma canção "espiritual"), Carolina de Deus, Capitão Fausto ou Diego Miranda, entre outros.
O Rock in Rio Lisboa regressa ao Parque Tejo no próximo fim de semana, com Jonas Brothers, Macklemore, Doja Cat, Camila Cabello, Luisa Sonza ou a inevitável Ivete Sangalo no cartaz. E até lá, talvez possa resolver limitações nos acessos ao recinto, às zonas de comes e bebes ou às casas de banho, insistentemente dominados por longas filas (algumas a impor um tempo de espera superior à duração de um concerto). Já a falta de zonas de sombra ou de repouso será mais difícil de solucionar num prazo tão curto, mas valerá a pena ser considerada pela organização... por um festival melhor.
Fotos: Rita Sousa Vieira, exceto Ed Sheeran
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