Cantora, compositora, DJ, produtora e ilustradora, Liana Padilha morreu a 20 de março aos 60 anos, vítima de um cancro. A artista brasileira lutava contra a doença desde o ano passado. Nos últimos meses, tinha-se concentrado no tratamento e na criação de canções.
Liana Padilha foi uma das fundadoras dos Noporn, em São Paulo, no final da década de 1990, ao lado do marido, Regis Fadel, que morreu em 2000. O designer e DJ Luciano Lauri Pires e o produtor Dudu Marote também colaboraram no projeto vanguardista que junta poesia e música eletrónica, tendo o hedonismo e liberdade da vida noturna entre as grandes inspirações.
Com impacto na noite paulista e numa nova geração de artistas brasileiros, a banda contava, desde 2016, com Lucas Freire ao lado de Padilha.
Os Noporn editaram quatro álbuns de originais, "Noporn" (2016), "Boca" (2017), "Sim" (2021) e "Contra Dança" (2022). O disco de remisturas "ADORO DJs" (2023) foi o lançamento mais recente. "Baile de Peruas", "Xingu", "Cavalo", "Maiô da Mulher Maravilha" e "Tanto" estão entre as canções mais populares do projeto.
"Vejo cada álbum do Noporn como um livro com histórias do nosso tempo. Histórias íntimas de amor, de sexo, embaladas num som que faça com que você se mova, dance ou transe", disse Padilha em entrevista ao site Papel Pop, em abril de 2021.
A banda fez parte de cartazes de festivais como Burning Man (EUA), Coquetel Molotov (Recife) ou MECA (Belo Horizonte). Também teve a sua música no cinema, nas longas-metragens "Beira Mar" (2015) e "Tinta Bruta" (2018), de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.
Os Noporn atuaram várias vezes em Portugal desde 2021, uma delas no âmbito do Festival Internacional de Cinema Queer Lisboa. Também apresentaram uma oficina de criação no espaço lisboeta Valsa.
Liana Padilha dedicou-se ainda às artes plásticas e fez parte da banda performática TintaPreta.
"Quando pensamos em lançar o disco #4 do Noporn, vários assuntos pularam nas nossas cabeças. Pensei nas mulheres deste século, e no meu próprio papel de ser uma mulher há vinte anos criando música, abrindo espaço no charme, para festas em bares e minicasas noturnas do começo do século XXI até agora, para públicos, palcos maiores e nos grandes festivais. A força de criar junto com parceiros de diversas idades e gerações, de continuar me divertindo, criando mundos únicos e particulares de poesia e som", explicou a artista em comunicado em 2022, a propósito da edição de "Contra Dança".
Nas redes sociais, Liana Padilha tem sido homenageada por figuras brasileiras ligadas às artes, da atriz Camila Pitanga à cantora Letrux.
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