Um dos elementos da organização, Kelly Tanoco, disse à agência Lusa que “o festival começou em 2012”, na localidade do concelho de Olhão, distrito de Faro, já se realiza há 11 anos, e “trabalha sempre no contexto da cultura tradicional lusófona, com ritmos de alguns países de África, como Angola, Cabo Verde ou Moçambique, mas também do Brasil e Portugal”.
“É um festival de música e dança, durante todo o dia haverá workshops com esses ritmos, tanto na dança como na percussão, e à noite realizam-se os concertos”, afirmou Tanoco, recordando que em 2020 e 2021 houve uma paragem no festival devido à pandemia de covid-19.
O festival tem este ano o tema “resista” e Kelly Tanoco explicou que esta escolha foi feita em contraponto com a edição do ano passado, que teve como mote a “saudade”, após a paragem por causa da pandemia.
“O tema saudade foi uma escolha por razões óbvias, porque todos tinham saudades de estar e participar no festival, que no ano passado foi muito fácil de organizar. Este ano está mais difícil, porque está tudo mais caro e tornou a organização mais complicada”, reconheceu, frisando que em 2022 foram gastos cera de 70.000 euros e este ano os custos são “quase o dobro” e superam já os 120.000 euros.
A porta-voz da organização explicou que o Festival sempre procurou ter “preços populares e acessíveis” e, apesar dos custos terem subido, as entradas não vão aumentar na mesma proporção,
“A entrada custa 20 euros por noite, em venda antecipada, depois custará 25, e há três concertos por noite”, quantificou, reconhecendo que houve um aumento de cerca de 20% comparativamente com a última edição.
Quanto ao tema desta 11.ª edição, que se realiza a 2, 3 e 4 de junho, Kelly Tanoco explicou que a escolha de “resistir” se prendeu com a “situação atual que se vive” no mundo, com guerra e o aumento de custos causado pela inflação, e considerou que “fazer arte, principalmente procurando a cultura tradicional, já é um ato de resistência” para garantir que “estas culturas não vão morrendo”.
“A organização é toda composta por mulheres, imigrantes noutro país, e isso também é um ato de resistência”, acrescentou.
Sobre o cartaz, Kelly Tanoco destacou o brasileiro Martinho da Vila, que “este ano completa 85 anos e faz a turnê de comemoração do aniversário”, a portuguesa Cláudia Pascoal, que “esteve no Festival da Canção, trabalha os ritmos tradicionais de forma moderna e pode ajudar a atrair público jovem”, e a cabo-verdiana Elida Almeida, “artista que tem uma voz incrível e está a surpreender”.
“O Pé na Terra tem público muito variado, mas todos têm em comum a paixão pela dança. Todos adoram o Martinho da Vila, mas vêm pelo samba”, disse ainda a porta-voz da organização.
Kelly Tanoco destacou ainda que o festival contará com uma zona destinada a crianças, “que se chama Pezinho na Terra e terá workshop, teatro e dança”, durante o dia, mas à noite as famílias também podem deixar as crianças num berçário para poder ir aos concertos.
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