Kelly Tonaco, da organização do Pé na Terra, disse à agência Lusa que a Fuzeta foi o local onde o festival surgiu e cresceu ao longo dos últimos 12 anos, sempre com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara de Olhão, mas sublinhou que a vila algarvia ficou pequena para a dimensão que o festival alcançou e é necessário encontrar um novo local, que garanta as condições logísticas necessárias para o futuro.
Sobre a nova localização, Kelly Tonaco disse que a organização já está a trabalhar para encontrar outro espaço para acolher o evento a partir de 2025 e remeteu um anúncio da nova localização para breve, mas garantiu que o Pé na Terra seguirá no Algarve.
Sobre o programa para a edição de despedida da vila algarvia, a mesma fonte destacou as presenças do angolano Paulo Flores, conhecido como o “rei do Semba”, do Bloco Afro brasileiro Ilê Aiyê, um dos mais antigos do Carnaval da Bahía e que comemora 50 anos, dos portugueses Criatura, e da brasileira Renata Rosa, entre outros.
“O Festival Pé na Terra é um festival que se faz há 12 anos na vila da Fuzeta e o contexto do festival é enaltecer e preservar a cultura popular de países lusófonos. Trabalhamos com músicas, ritmos e danças da cultura lusófona, de países da África, como Cabo Verde ou Angola, do Brasil ou de Portugal”, contextualizou.
Kelly Tonaco realçou também a importância da dança no evento, com a realização de 40 'workshops' que vão mostrar como de bailam ritmos como “samba, semba, kola San jon, batuka ou o vira português, que fazem parte da história desses países” e da cultura lusófona.
“Alguns desses ritmos surgiram em contextos históricos, como a escravidão, têm uma história de resistência e criatividade num período muito difícil, e gostamos de mostrar no festival o importante que é continuar a representar esta cultura, que faz parte da nossa identidade”, justificou.
Também vão estar presentes no festival artistas como Orquestra das Batucadeiras de Portugal, Leo Middea, Coletivo Gira, Rasta Fogo, Gafieira ou Diego Oliveira, assinalou também Kelly Tonaco, salientando que, no sábado (29 de junho), realiza-se “habitual cortejo de maracatu” pelas ruas da vila.
“Depois de 12 anos em que o Festival nasceu e cresceu ali, este ano vai ser a despedida e vai ser o nosso último ano na vila da Fuzeta”, lamentou a organizadora, esclarecendo que o festival está a “encerar um ciclo” e vai deixar o local “onde nasceu” para poder garantir as condições necessárias para o seu crescimento.
Questionada sobre se a saída da Fuzeta é forçada ou desejada, a mesma fonte respondeu que é necessária, porque “a Fuzeta é muito pequenina, é uma vila com 2.000 pessoas, e já não comporta mais o festival ao nível estrutural”.
“Estamos a trabalhar nisso e vamos divulgar a nova localização em breve, mas vamo-nos manter pelo Algarve”, antecipou Kelly Tonaco, que espera ultrapassar, na edição de despedida da Fuzeta, a média de 9.000 espetadores alcançada no ano passado.
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