Para a sessão inaugural, na manhã de 29 de maio, a organização anunciou o comissário europeu da Cultura, Glenn Micallef, a eurodeputada Laurence Farreng, da comissão de Cultura do Parlamento Europeu, o eurodeputado Hélder Sousa Silva, natural de Mafra, a secretária-geral da Europa Nostra, Sneska Qvaedlig Mihailovic, o presidente-fundador do CEM, Jorge Chaminé, e o presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hugo Luís.

O programa prevê a apresentação da Aliança de Cidades do CEM em Portugal, localizado em Mafra, a leitura do "Apelo de Mafra", uma declaração pelo futuro cultural da Europa, e reparte-se pelo Palácio Nacional de Mafra, o Palácio dos Marqueses, a Casa da Música Francisco Alves Gato e o Auditório Beatriz Costa, no concelho de Mafra.

Os três dias das Jornadas visam "colocar a música no coração da Europa em prol da unidade e da paz, numa altura em que isso é mais necessário do que nunca”, refere a organização em nota de imprensa.

O evento é encarado como “um espaço de criação e afirmação de uma Europa que precisa da música para se compreender e transformar num tempo de mudança” e pretende ser “um impulso político e cultural profundo que reconhece a música como património comum, força civilizacional e linguagem universal de encontro e de futuro”.

O primeiro dia do programa inicia-se com um ateliê criativo sobre o projeto "Passarola – music variations on the past and the future”, continua com a apresentação do projeto "Via Scarlatti", sobre música e inovação no Sul da Europa, com base na obra do compositor italiano Domenico Scarlatti, que foi músico da corte do rei João V, e culmina com um concerto pelos pianistas Shani Diluka, Isabel Dobarro e Pedro Emanuel Pereira.

No dia seguinte, destaque para o concerto à noite da orquestra de época Divino Sospiro, de novo alusivo a Domenico Scarlatti, sob a direção de Massimo Mazzeo, com a participação da pianista Shani Diluka e da música iraniana Shadi Fathi.

O encontro encerra com a projeção do documentário “Une Saga Culturelle”, de Nadège de Peganow, sobre o surgimento de uma consciência cultural europeia no século XIX, através das figuras visionárias de Pauline Viardot, compositora e cantora, Louis Viardot, historiador, ensaísta e dramaturgo, e do escritor russo Ivan Turgueniev, autor de "Pais e Filhos".

O último dia acolhe também o encontro da Rede de Casas e Museus de Músicos Europeus, promovendo o diálogo entre memória e criação.

As Jornadas de Mafra 2025 são organizadas pelo CEM, com polos em Portugal, França, Espanha, Itália e Áustria, em parceria com o Município de Mafra, a Europa Nostra, o European Heritage Hub, a Terra Foundation, a associação Divino Sospiro e o Centro Nacional de Cultura.

O polo português do CEM tem sede em Mafra desde o ano passado, dada a relação histórica desta vila com a música, que remonta à construção do Palácio Nacional de Mafra e que passa pela futura instalação do Museu Nacional da Música, assim como do polo de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa e do Arquivo Nacional do Som, que reforçam essa ligação.

O CEM constitui-se como um espaço de investigação e inovação a partir da música e conta já com três programas, em desenvolvimento: Via Scarlatti, Música e Oceanos e Música e Ecologia.

No âmbito do programa Via Scarlatti, o primeiro projeto de pesquisa e criação cultural toma o nome de “Passarola”, o mesmo da 'máquina de voar' atribuída a Bartolomeu de Gusmão, durante o reinado de João V, que José Saramago evoca no "Memorial do Convento", no contexto do século XVIII português em que se movem os protagonistas da obra, Baltazar e Blimunda, e numa referência direta ao 'construtor' do Palácio de Mafra.