Com apenas 29 anos, Gloria Groove já conquistou uma trajetória artística de destaque, sendo atualmente uma das artistas pop mais ouvidas do Brasil, com sete milhões de ouvintes mensais no Spotify. A sua carreira, que teve início em 2015, rapidamente alcançou o sucesso mundial, conquistando fãs em todos os continentes pela sua autenticidade e originalidade.
Em Portugal, a drag queen conta com uma grande legião de fãs que, certamente, no dia 12 de julho, não vão faltar à sua estreia no festival NOS Alive, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.
Em conversa com o SAPO Mag, Gloria Groove começa por recordar que sempre viveu no meio do mundo do espetáculo:"Só conheço a vida artística, essa é a verdade. Venho de uma vivência muito artística. Antes de ser a Glória Groove, passei por diversas experiências artísticas na minha vida. Tive esse privilégio, sou filho de uma cantora, trabalho profissionalmente com música desde os sete anos e, então, a música sempre foi o meu principal motivo".
"Desde que a representação entrou na minha vida - fiz televisão, fiz dobragens durante muitos anos, estive em banda de baile, fiz teatro musical -, estive sempre em cima do palco ou dentro do estúdio. Gloria Groove foi somente o momento onde consegui condensar todas essas paixões e essas possibilidades num trabalho que era meu e que estava a escrever com o meu próprio punho", conta ao SAPO Mag.
Depois de muitas experiências em palco e na televisão, o artista brasileiro começou a idealizar a identidade de Gloria Groove. "Era muito jovem, tinha só 18 anos. As experiências com o teatro musical eram recentes e foi aí que eu comecei a explorar muito mais o mundo da expressão artística, da 'montação', da maquilhagem e da produção visual. E também por fortíssima influência do trabalho que a RuPaul estava a fazer no mundo. Nessa época, o reality show 'RuPaul's Drag Race' estava a começar a se tornar uma febre no Brasil. Então, posso dizer que acabo por ser uma drag queen filha desses dois movimentos culturais", recorda.
"Tudo o que vivia em cima do palco, com o teatro e com a música, e tudo que comecei a ver também na internet e na televisão, permitiu-me começar a perceber a drag queen como uma estrela em potencial, e assim mudar a visão que tinha", confessa Gloria Groove.
"O nosso sucesso, o meu e de outras drag queens brasileiras, divide muitas opiniões"
"Na minha trajetória, vários artistas influenciaram-me e me influenciam muito até hoje. Lembro-me da sensação de ver artistas queer, assim como eu, e de ver aquilo quase como passaporte para o futuro, para uma possibilidade de vida. Eu destaco aqui a Lady Gaga, a Adore Delano ou o Adam Lambert, que são pessoas que me deram visão de que, 'ok, é possível fazer o que quero, ser eu mesmo ao mesmo tempo, não preciso de me maquilhar, de esconder partes da minha personalidade para ter sucesso'. Inclusive, é muito pelo contrário... quanto mais honesto és, mais esse momento te encontra", acrescenta a artista brasileira.
Se RuPaul, Lady Gaga ou Adam Lambert a inspiraram, Gloria Groove é também hoje uma inspiração para milhões de jovens de todo o mundo: "Já recebi todo tipo de feedback que podes imaginar. Venho de país onde a nossa cultura tem uma tensão tremenda ainda com a questão da expressão de género, da identidade, da sexualidade. O Brasil tem muitas tensões e muitos problemas sobre este tema. Então, é claro, que o nosso sucesso, o meu e de outras drag queens brasileiras, divide muitas opiniões, mas o que acho mais 'legal' do meu trabalho é exatamente isso, a certeza de que sempre estás a despertar alguma discussão importante".
O sucesso de "Lady Leste"
Depois de vários sucessos que conquistaram o público, em 2022, a carreira de Gloria Groove ultrapassou fronteiras com o lançamento de "Lady Leste", que chegou ao top global do Spotify. O disco contou com temas como “Bonekinha” e “A Queda”, que bateu todos os recordes da artista e a colocou no Top 10 das principais plataformas de streaming, além de entrar no Top 200 da Billboard.
"Quando estava a compor as primeiras músicas de 'Lady Leste0, em 2021, sabia que aquilo ia ser algo diferente na minha carreira", confessa. "Sabia que ia fazer toda a diferença porque não me ia destacar apenas como uma expressão ou como artista, ia falar de onde vim, o orgulho que tenho do sítio de onde vim. E todas as músicas que eu coloquei no têm um peso muito forte na minha história", acrescenta a drag queen.
E "Lady Leste" é um dos destaques da digressão europeia de Gloria Groove, que regressa a Portugal esta semana para atuar no NOS Alive. "É uma oportunidade para apresentar o meu trabalho e a cultura brasileira para outros públicos que talvez ainda não conhecem nenhuma das duas coisas. Então, preparei algo especial para a 'ALÔ, ALÔ! Euro Tour 2024', onde quero honrar realmente a cultura brasileira", adianta.
A homenagem a Carmen Miranda
No concerto, a drag queen tenta contar a história da sua vida e da cultura brasileira, "abraçando a pluralidade". E Carmen Miranda, artista nascida em Marco de Canaveses, foi a grande inspiração. "Tenho estudado a Carmen Miranda. Para esta digressão, pesquisei iconografias brasileiras e pessoas que dedicaram a sua vida e a sua trajetória a demonstrar o que era o estilo brasileiro. E a história da Carmen cativou-me muito", conta Gloria Groove. "Vi na 'ALÔ, ALÔ! Euro Tour 2024' a oportunidade perfeita para poder honrar a sua trajetória e poder fazer essa pequena homenagem", acrescenta.
"O NOS Alive vai ser muito lindo. quero agradecer muito ao público de Portugal que sempre me acolheu com muito carinho. O concerto no festival vai marcar um novo momento na minha carreira", remata.
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