O Festival Internacional de Música de Espinho (FIME) inicia hoje a comemoração das suas 50 edições em 60 anos, levando à praça da Câmara Municipal um concerto gratuito com Omar Sosa e a Orquestra de Jazz de Espinho.
Organizado pela Academia de Música de Espinho, o certame de realização consecutiva desde 1994 inclui na programação de 2024 mais de 20 concertos até 22 de julho, entre os quais o de Mário Laginha e Pedro Burmester, que já este sábado à noite também evocam o meio século da revolução do 25 de Abril na mesma praça do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto.
Para o mesmo dia está ainda anunciada a inauguração da mostra “50 FIME 50”, com materiais gráficos sobre a história daquele que é um dos festivais de música erudita mais antigos do país, e a conferência em torno dos “60 anos e 50 edições” do festival, com convidados como Fausto Neves, Manuel Cunha, João Pedro Mendes dos Santos e também Burmester e Laginha.
Alexandre Santos, um dos programadores do certame, reconheceu à Lusa que esta é uma edição especial, pelo que reflete não apenas de longevidade, mas também de resiliência.
“Ao longo destas cinco décadas, muitas das edições do FIME foram pautadas por incerteza e insuficiência em termos de financiamento, por dificuldades relativas a espaços para a realização dos concertos e por inúmeras contrariedades de produção que só com enorme empenho e esforço se puderam ultrapassar, mas o festival afirmou-se pelo pioneirismo que foi marcando o seu historial”, declara.
Com espetáculos de entrada livre e outros a preços entre os 5 e os 15 euros, o FIME de 2024 aposta num cartaz “diversificado e abrangente”, em que a música erudita e o jazz por artistas como Hiromi, Dee Dee Bridgewater e Paquito de Rivera se cruzam com “produções próprias e projetos desenvolvidos especificamente para Espinho”.
Após este fim de semana, o concerto seguinte é a 21 de junho, no Auditório de Espinho, com o violinista britânico Daniel Rowland a interpretar obras de Osvaldo Golijov e arranjos de Max Rchter para as “Quatro Estações” de Vivaldi.
A 22 de junho o mesmo palco recebe o cravista francês Pierre Hantaï, que se estreia em Portugal com o que Alexandre Santos define como “interpretações frescas, originais e historicamente informadas” de composições barrocas como as de Bach.
Segue-se, no dia 28, o pianista americano Uri Caine, que, com o FIME Ensemble, trará a Espinho um projeto evocativo do compositor Gustav Mahler, com espaço para a “improvisação e a transgressão de limites”.
Um dia depois o foco será na música instrumental, com a atuação da harpista Angelina Salvi e do acordeonista João Frade na Capela da Senhora da Ajuda, e a 30 o FIME Ensemble regressa ao Auditório com um programa lúdico para famílias, explorando “O Carnaval dos animais”, de Camille Saint-Saëns, e ainda obras de Ravel.
Quanto ao mês de julho, o primeiro concerto é a 05 com o coletivo Sissoko Segal Parisien Peirani, que dará a conhecer “música de diversas tradições eruditas e populares numa fusão com improviso”, e o segundo espetáculo é logo no dia seguinte, com o clarinetista cubano Paquito de Rivera, a que Alexandre Santos atribui “grande virtuosismo e arrojo nas improvisações”.
No dia 07, o palco é dos israelitas Avi Avital e Omer Klein, com “releituras inovadoras e livres de Bach” no bandolim e piano; no dia 08 da violinista e compositora japonesa Hiromi, que irá explorar a sonoridade jazz-rock do seu disco “Sonicwonder”; e no dia 12 do Coro Gulbenkian, que, sob a direção de Inês Tavares Lopes, interpretará na Igreja Matriz de Espinho temas de Bach, Mendelssohn-Bartholdy, Josef Gabriel Rheinberger, Max Reger e Knut Nystedt.
Depois da atuação a 19 de julho do pianista Pierre-Laurnt Aimard com a soprano Anna Prohaska, em torno de obras de Charles Ives, Stravinsky e Debussy, no dia seguinte o festival apresenta um espetáculo em que a maestrina Joana Carneiro dirige a Orquestra Clássica de Espinho, o Coro Sinfónico Inês de Castro e o Coro Viana Vocale. Esses quatro coletivos vão interpretar a Nona Sinfonia de Beethoven, cuja estreia pública se deu há 100 anos.
O encerramento do FIME dá-se a 22 de julho com Dee Dee Bridgewater, que, com o seu “timbre quente, dicção impecável e swing irrepreensível”, é apontada por Alexandre Santos como “uma das vozes mais destacadas do grande cancioneiro americano”.
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