No ensaio geral desta tarde para a final da Eurovisão, os cantores de Irlanda, Israel, Suíça e Grécia não participaram no conhecido desfile de apresentação dos países em competição, enquando a representante Portuguesa iolanda se apresentou vestida por um designer de origem palestiniana. Slimane, o representante francês, interrompeu o seu ensaio a meio e deixou uma mensagem de amor e paz. Bambie Thug – performer não-binária da Irlanda – não atuou.
Irlanda apresenta queixa à organização momentos antes do ensaio final
Bambie Thug partilhou um comunicado nas redes sociais antes de falhar a atuação no ensaio: “houve uma situação enquanto esperávamos para entrar em placo para o ensaio que achamos necessitar de atenção urgente por parte da organização. Estamos em discussões com a UER/EBU (União Europeia de Radiofusão) sobre quais medidas que serão necessárias tomar.”, disse aos seus seguidores.
“Isto significa que vou falhar o meu ensaio final. Peço desculpa a todos os fãs que me vieram ver e espero ver-vos em palco esta noite.”, frisa.
O caso não foi único esta tarde. Também o francês Slimane interrompeu a sua atuação a meio e deixou uma mensagem de amor e paz.
Tudo parecia decorrer dentro dos parâmetros normais durante o último ensaio de “Mon Amour” antes da grande final até que o concorrente francês interrompeu a sua atuação e começou a falar diretamente com o público dentro da arena.
“Quando era uma criança tinha um sonho. Tinha o sonho de ser cantor, de procurar a paz. (...) Cantar sobre paz. (...) Temos de estar unidos pela música, sim, mas temos de estar unidos por amor e paz.”,
iolanda desfila com vestido de estilista de origem Palestiniana
A cantora da Figueira da Foz marcou a sua posição pessoal no ensaio final da Eurovisão 2024. Na apresentação inicial de todos os países a concurso, a portuguesa desfilou no palco da Eurovisão com uma criação de Trashy Clothing, uma marca de um designer de origem Palestiniana.
iolanda vincou ainda mais a sua posição, em declarações ao jornal Público: “desde o ínicio, antes de qualquer tipo de mediatismo relacionado com a Eurovisão, já defendia a causa em que eu acredito, que é sem dúvida a Palestina livre, a não-violência, e a paz no planeta Terra onde vivemos.”, frisou ao jornal.
Os vários episódios de ausências e gestos de protesto na tarde deste sábado, ocorreram logo após o representante dos Países Baixos, Joost Klein, ter sido desclassificado do festival pela EBU por um “incidente” com uma pessoa da produção do concurso que está a ser investigada pela polícia sueca.
“Temos uma política de tolerância zero relativamente a comportamentos inadequados no nosso evento […]. À luz disto, o comportamento de Joost Klein para com um membro da equipa é considerado uma violação das regras”, explicou a EBU no seu comunicado.
Os candidatos da Grécia, Suíça e Países Baixos participaram na conferência de imprensa após a segunda semifinal juntamente com a representante de Israel, cuja presença durante todo o festival foi altamente contestada pela ofensiva militar do seu país em Gaza.
Durante a conferência de imprensa, ocorreram alguns episódios retratados pelos meios de comunicação, como quando Marina Satti fingiu estar a dormir durante uma intervenção da israelita.
Na mesma ocasião, um jornalista polaco perguntou à cantora israelita sobre a sua responsabilidade no mais alto nível de alerta terrorista que Malmö estava a viver: “Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos! Não se importa?”, questionou o polaco.
Perante esta questão, o moderador da conferência de imprensa disse a Golan que, se não quisesse, não teria de responder. “Por que não?” Joost Klein interveio então em voz alta, um episódio que rapidamente se tornou viral nas redes sociais.
A emissora de rádio e televisão neerlandesa Avrotros classificou a exclusão de Joost Klein da final da Eurovisão de "desproporcional", após um incidente sem relação com a controversa participação de Israel.
Em comunicado enviado à AFP, a Avrotros disse estar “chocada com a decisão” da União Europeia de Radiodifusão (EBU). “Lamentamos profundamente esta situação e voltaremos à questão mais tarde”.
A EBU, que supervisiona a competição, explicou que a polícia sueca está a investigar “uma denúncia feita por uma mulher da equipa de produção na sequência de um incidente ocorrido durante a noite da semifinal de quinta-feira”.
“Enquanto o processo judicial prossegue, não seria apropriado que continuasse a participar na competição”, afirmou a organização, em comunicado.
A secretária de Estado da Cultura neerlandesa, Fleur Gräper, considerou, em mensagem publicada nas redes sociais, que a decisão da EBU é “extremamente difícil, antes de mais, para Joost, mas é uma deceção para todos” os neerlandeses.
Na quinta-feira, durante a conferência de imprensa que se seguiu à semifinal da competição, Joost Klein, de 26 anos, chamou a atenção ao manifestar o seu desacordo com o facto de ter sido colocado ao lado da representante israelita, Eden Golan, tendo tapado o rosto com a bandeira dos Países Baixos em vários momentos da conferência.
No entanto, segundo a EBU, a sua exclusão não está relacionada com a sua atitude para com outras delegações.
Na sexta-feira, Joost Klein já tinha falhado ensaios gerais para a final.
Questionada pela AFP, a polícia sueca confirmou ter aberto uma investigação por “intimidação” e que o processo foi enviado ao Ministério Público.
Oficialmente apolítica, a Eurovisão foi abalada este ano pela guerra em Gaza, na Palestina.
A jovem cantora israelita Eden Golan, de 20 anos, ganhou o seu bilhete para a final com a canção “Hurricane”, cuja versão inicial teve de ser modificada por se considerar que fazia alusão ao ataque do Hamas em Israel, em 07 de outubro.
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