Cinco anos depois de “Punk Academics”, a banda volta às edições com um disco produzido durante a pandemia. O vocalista, guitarrista e produtor dos Cave Story avançou à Lusa que “Wide Wall, Tree Tall” surge “menos imediato, mas com mais atenção ao detalhe”.
“O disco foi construído de uma forma diferente dos outros, porque foi feito nos dois anos em que havia muito menos concertos e muito menos possibilidade de estarmos juntos. E então as coisas foram construídas de forma diferente. É um disco menos imediato, mas com mais atenção ao detalhe”, disse o músico.
Entre as novidades, conta-se a nova baixista Bia Diniz, após a saída de Pedro Zina, que deixou Portugal, e, depois do “peso muito grande” dado às influências no álbum anterior - “não só musicalmente, mas também na nossa identidade” -, a banda das Caldas da Rainha reflete uma outra mudança.
“Claro que todas as referências estão sempre lá, mas aqui já nos sentimos nós, sem estarmos a fazer um culto às nossas referências da música independente ou ao DIY [‘do-it-yourself’] do punk e tudo isso. Talvez seja [um disco] mais maduro e confiante, nesse sentido”, avançou.
Em “Wide Wall, Tree Tall”, fala-se sobre afirmação profissional e social dos músicos e artistas: “É a nossa forma de afirmar isso, mesmo que as pessoas continuem a perguntar: 'Então, mas isso é uma carreira que dá? Dá alguma coisa?'. É um pouco isso que queremos explorar: essa ideia de que não interessa muito explorar se é uma carreira com sucesso. Temos a certeza que é uma carreira com valor e nós não podíamos ser outra coisa, porque é a nossa identidade”.
O nome do terceiro disco dos Cave Story - “Wide Wall, Tree Tall”, em português “parede larga, árvore alta” - resulta da ideia de perspetiva, “de diferentes dimensões e de diferentes referências” que podem dar “diferentes resultados daquilo que se pode esperar”, independentemente de se tratar “de um assunto, de uma vida, de uma carreira”.
O álbum sai num momento em que os Cave Story completam uma década de existência.
“É um bocado chocante, na verdade, para nós, pensar que já passaram dez anos”, reconheceu o músico, mas “houve um grande crescimento”.
“Tínhamos 21 anos, ainda estávamos a descobrir muitas coisas e ao longo desse tempo fomos amadurecendo. Agora temos um novo disco e não podíamos estar mais satisfeitos”, resumiu Gonçalo Formiga.
“Wide Wall, Tree Tall” é lançado na sexta-feira e depois os Cave Story seguem em digressão para o Porto, onde atuam no dia 14 de abril no Festival Termómetro, e no dia seguinte em Guimarães, no Westway Lab, e depois em Aveiro.
Para o dia 18 de maio há concerto agendado no B.Leza, em Lisboa, enquanto em junho há datas para Setúbal e Leiria. Até ao final do ano estão já confirmadas também atuações em Braga e Évora.
Gonçalo Formiga assume “muitas saudades” em voltar a palco: “É uma parte muito importante daquilo que nós fazemos. O facto de haver muito menos concertos não altera só as nossas expectativas da nossa vida financeira, mas também altera as nossas rotinas e a maneira de trabalhar. E isso acaba por enformar também a música e como a fazemos”.
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