A Universal Pictures foi coroada o melhor estúdio de Hollywood no ano passado, destronando a Disney nas bilheteiras pela primeira vez em quase uma década com uma série de mega-sucessos como "Super Mário Bros. - O Filme" e o vencedor dos Óscares "Oppenheimer".
Assim, enquanto os executivos do cinema se reuniam na cimeira CinemaCon desta semana, no meio das previsões sombrias da indústria e da escassez de grandes lançamentos por causa do impacto das greves em Hollywood do ano passado, pelo menos um estúdio tinha muito para festejar em Las Vegas.
“Não há muito mais que se possa pedir do que ser o número um nas bilheteiras e ganhar o Óscar de Melhor Filme”, disse a presidente Donna Langley durante a apresentação da Universal na quarta-feira.
“Teria sido fácil simplesmente largar o microfone depois desta, certo? Mas não é o suficiente para nós”, acrecentou, antes de apresentar uma série de novos títulos para os cinemas, incluindo “Wicked”.
Ariana Grande, Cynthia Erivo e Jeff Goldblum foram trazidos para o palco para promover a adaptação cinematográfica do musical de sucesso da Broadway. O primeiro de dois filmes chega aos cinemas em novembro.
Para muitos dos donos dos cinemas, a Universal – graças a uma mistura diversificada de filmes originais que não depende do género de super-heróis em dificuldade e de algumas campanhas inteligentes de marketing viral – oferece um potencial mapa para a recuperação.
Eles estão a depositar esperanças em "Wicked" e em filmes de animação como "Gru, O Maldisposto 4" e "The Wild Robot", para trazer de volta os tão necessários clientes num momento difícil para a indústria.
As receitas gerais de bilheteira têm vindo a recuperar lentamente a cada ano que passa desde a pandemia, mas espera-se que diminuam em 2024.
Isso deve-se em grande parte às greves de Hollywood que paralisaram as produções cinematográficas durante meses no ano passado, deixando grandes lacunas nos calendários de estreias.
Procura-se originalidade
Mas embora rivais como Disney, Warner e Paramount tenham enfrentado dificuldades por vários motivos, estes são tempos inebriantes para a Universal.
Há apenas 12 meses, Langley trouxe o cineasta Christopher Nolan ao mesmo palco de Las Vegas, para apresentar pela primeira vez o seu filme “Oppenheimer”.
Numa aposta cara, a Universal atraiu Nolan da sua casa tradicional na Warner, prometendo dar um apoio generoso ao seu filme sobre a bomba atómica.
"Oppenheimer" arrecadou quase mil milhões de dólares. Nolan apareceu em vídeo na quarta-feira para agradecer aos proprietários de cinemas por papel que tiveram.
Em declarações à France-Presse, a presidente de distribuição internacional da Universal, Veronika Kwan Vandenberg, disse que ficou claro que a indústria “não pode confiar nos filmes que tradicionalmente têm sido excecionalmente fortes nos últimos 20 anos”.
Ao contrário dos concorrentes, a Universal não possui nenhuma das principais sagas de super-heróis que até recentemente dominavam os multiplexes.
Essa foi uma arma de arremesso contra o estúdio nos últimos anos. Mas à medida que filmes rivais como “Madame Web” e “As Marvels” fracassaram, cresceu a sensação de que o público está cansado de filmes de super-heróis praticamente iguais.
"Todas essas sequelas e sagas que chegam ao mercado têm funcionado muito bem durante muito tempo. Mas hoje estamos num lugar onde... o público realmente quer saber, 'o que há de diferente nisto?'", disse Kwan Vandenberg. .
'Barbenheimer'
As redes sociais tornaram-se uma ferramenta cada vez mais importante para os estúdios de cinema.
A Universal – juntamente com a Warner – beneficiou por entrar na onda do fenómeno viral “Barbenheimer” do verão passado.
Como essas tendências são tipicamente de origem orgânica, é “algo incrivelmente difícil de fazer”, disse Kwan Vandenberg.
Mas a Universal tem tido mais sucesso do que a maioria, com exemplos recentes incluindo a loucura da dança TikTok para o filme de terror “M3GAN”.
Um ano antes, a tendência “Gentleminions” envolvia adolescentes a vestirem fatos nas suas deslocações para assistir ao novo filme “Mínimos”.
Em outubro, estourou uma tendência viral de roubo de cartazes e outro material promocional dos cinemas de "Five Nights at Freddy's: O Filme".
Embora a tendência tenha sido extremamente frustrante para os donos dos cinemas, gerou uma publicidade inestimável para o filme da Universal.
“Quando lançámos o primeiro trailer de ‘M3GAN’ e vimos o quão viral se tornou a dança TikTok, começámos a inclinar-nos para eventos em todo o mundo com isso”, contou Kwan Vandenberg.
"Não é algo que estejamos necessariamente a criar. Mas estamos a ajudar a apoiar a consciencialização e o entusiasmo à volta disso", esclareceu.
Comentários