As notícias de que o ator norte-americano Mark Wahlberg ganhou 1.500 vezes mais do que sua colega mulher Michelle Williams para voltar a filmar cenas do filme "Todo o Dinheiro do Mundo" causaram uma grande revolta em Hollywood.
O assunto, relatam jornalistas em Hollywood, tornou-se o tópico mais quente de discussão nas festas na quarta-feira, ultrapassando as acusações de assédios sexual contra James Franco e Michael Douglas.
Ridley Scott voltou a rodar parcialmente o seu último filme após Kevin Spacey, que o protagonizava, ser acusado de conduta sexual inapropriada. Wahlberg e Williams foram convocados para repetir as cenas com o substituto de Spacey, Christopher Plummer.
Entretanto, de acordo com o USA Today, Williams ganhou por seu trabalho uma remuneração diária de 80 dólares [66,8 euros], uma quantidade que no total não chega a 1.000 dólares e que representa menos de 0,07% dos 1,5 milhões de dólares [1,25 milhões de euros] que Wahlberg recebeu.
Michelle Williams não reagiu, mas Busy Philipps já veio dizer que o que aconteceu é "completamente inaceitável, para dizer o mínimo" e, em resposta a outro comentário, disse que "vergonhoso é o termo correto".
"Por favor vão ver a atuação de Michelle em 'Todo o Dinheiro do Mundo'. Ela é uma atriz brilhante, nomeada aos Óscares e ganhadora de um Globo de Ouro", escreveu indignada no Twitter Jessica Chastain.
"Trabalhou na indústria 20 anos. Merece mais de um por cento do salário que recebe o seu colega homem", indicou.
A atriz e ativista Amber Tamblyn descreveu como "totalmente inaceitável" a grande diferença do pagamento reportado, enquanto a veterana produtora Judd Apatow considerou que se trata de "um desastre que é difícil de acreditar".
A também ganhadora do Globo de Ouro Mia Farrow disse que a disparidade foi "ofensivamente injusta", acrescentando que ela "nunca, jamais, recebeu nem sequer um quarto do que o que cobrava o homem protagonista".
Antes Williams tinha dito ao USA Today que valorizava o esforço de voltar a rodar o filme, que narra o sequestro do neto do empresário petroleiro J. Paul Getty. "Disse que estaria onde quer que precisassem de mim, sempre que precisassem de mim. E podiam ficar com o meu salário, os meus feriados, o que quer que precisassem. Porque gostei tanto que estivessem a fazer este esforço gigantesco."
Scott disse, por sua vez, que os atores, incluindo Williams e Wahlberg, apareceram "de graça" para filmar de novo as cenas em 10 de novembro, mas o USA Today afirmou que a agência de Wahlberg renegociou depois os seus honorários. Que é a mesma de Williams, o que também aumenta a revolta em Hollywood.
Patricia Arquette, que apelou à igualdade salarial quando recebeu o Óscar por "Boyhood", já disse que as agências têm de deixar de ser cúmplices no pagamento insuficiente dos seus clientes.
Embora muitos considerem que Mark Wahlberg não fez mais do que defender os seus interesses, o comediante Paul F. Tompkins foi ácido: "Antes de condenarem Wahlberg por isto, levem em conta o nível de talento que ele está a trazer a este projeto e depois condenem-no com muito mais entusiasmo".
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