«Estamos de acordo em afirmar que este foi «O» filme que tinha a grandeza, a amplitude, as intenções e o impacto necessários para o que pode se esperar de uma Palma de Ouro», explicou
Robert De Niro, presidente do júri do festival.
Um dos momentos mais emocionantes foi a entrega do Prémio do Júri à francesa
Maïwenn, pelo filme
«Polisse», sobre os maus tratos contra crianças e do qual foi argumentista, realizadora e actriz. Deslumbrante no seu vestido vermelho, ela correu para o palco, apertou a mão de cada jurado, e confessou, à beira das lágrimas: «a minha filha disse-me: mãe, aposto que não vais conseguir recolher o prémio sem chorar».
A americana
Kirsten Dunst, de 29 anos, conquistou o troféu de Melhor Actriz pelo papel de noiva depressiva no filme
«Melancholia», obra que foi bem recebida pelos críticos apesar de seu realizador,
Lars von Trier, ter sido considerado «persona non grata» no festival ao causar um escândalo com suas declarações polémicas sobre Hitler.
O galardão de Melhor Actor foi para
Jean Dujardin, de 38 anos, brilhante no seu papel de uma estrela de cinema decadente em
«The Artist», de
Michel Hazanavicius, filme mudo e a preto e branco. Muito entusiasmado, o francês ajoelhou-se diante do Robert de Niro e declarou na sua saída do palco: «acho que vou ficar calado... Foi assim que me dei bem!»
O presidente do júri, que foi aplaudido de pé pela platéia do Palais des Festivals no início da cerimónia, também arrancou gargalhadas ao tentar falar num francês aproximativo, chamando de «champignons» (cogumelos) os seus companheiros (em francês, «compagnons», em francês) do júri.
Entre eles, contavam-se os actores
Jude Law,
Uma Thurman e o realizador
Olivier Assayas, que assistiram aos 20 filmes da competição oficial. Além de Maïwenn, os jurados premiaram dois outros jovens realizadores. O dinamarquês
Nicolas Winding Refn, de 40 anos, arrebatou o prémio de Melhor Realizador pelo filme
«Drive». Já o israelita
Joseph Cedar, de 42 anos, foi premiado pelo argumento de
«Footnote».
Para o Grande Prémio, o júri não quis se contentar com apenas um filme:
«Once Upon a Time in Anatolia», do turco
Nuri Bilge Ceylan e
«Le Gamin au Vélo» de
Luc e
Jean-Pierre Dardenne foram coroados. Os irmãos belgas, que já venceram duas vezes a Palma de Ouro e já tiveram cinco filmes na selecção oficial, foram premiados em todas as edições em que participaram.
Quem voltou de Cannes sem nada foi o espanhol
Pedro Almodóvar, que não convenceu o júri com o thriller
«La Piel que Habito».
Outros filmes não foram premiados apesar de terem causado óptima impressão durante o festival. Entre eles, as ausências mais surpreendentes do paslmarés são
«Le Havre», drama social do finlandês
Aki Kaurismäki, que narra a história de um imigrante africano, e
«This Must be the Place», do italiano
Paolo Sorrentino, que contou com uma grande actuação de
Sean Penn.
A actriz francesa
Mélanie Laurent, mestre de cerimónias da noite, homenageou os realizadores iranianos
Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof, «ausentes pela vontade do seu governo».
Eis os principais prémios da 64ª edição do Festival de Cannes.
Palma de Ouro:
«A Árvore da Vida», de
Terrence Malick.
Grande Prémio (ex-aequo) - «Le Gamin au Vélo», dos irmãos
Luc e
Jean-Pierre Dardenne, e
«Once Upon a time in Anatolia» do turco
Nuri Bilge Ceylan
Prémio do Júri: «Polisse», da francesa
Maïwenn
Melhor Actriz -
Kirsten Dunst por «Melancholia», de
Lars von Trier
Melhor Actor -
Jean Dujardin por «The Artist», de
Michel Hazanavicius
Melhor Realizador -
Nicolas Winding Refn, por «Drive».
Melhor Argumento - «Footnote», do israelita
Joseph Cedar.
Câmara de Ouro: «Las Acacias», do argentino Pablo Giorgelli.
Prémio da Quinzena dos Realizadores: «Les Géants», do belga Bouli Lanners.
Prémio da secção Un Certain Regard»: Mohamad Rasulof, pelo filme «Be Omid é didar».
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