Martin Scorsese acha que o cinema precisa ser salvo das sagas intermináveis de grande orçamento (os 'blockbusters') e dos filmes de super-heróis.

Durante uma longa entrevista à revista GQ, o lendário cineasta diz que as salas de cinema não estão a morrer e vão sempre existir porque as pessoas querem ter essa experiência coletiva.

Scorsese reforça críticas: cinemas estão a ser "invadidos" por "parques de diversão"
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"Mas, ao mesmo tempo, os cinemas têm que se esforçar para se tornarem lugares onde as pessoas queiram ir e divertir-se ou queiram ir e ver algo que as comova", destacou.

É nessa altura que é sugerido ao realizador que os cinemas podem apenas vir a exibir os filmes de Hollywood e isso poderia ser um problema... "se Hollywood não faz nada além de super-heróis e sagas, e certos segmentos do público não querem vê-los, pelo que então nada os levará ao cinema".

O entrevistador admite no texto que se sente mal porque sabia que estava a abrir a porta para o cineasta renovar as críticas que lhe trouxeram tanta controvérsia nos anos mais recentes.

De facto, Scorsese não evita o tema: "O perigo é o que estão a fazer à nossa cultura. Porque vão existir gerações agora que pensam que os filmes são só isso".

E quando quando o seu interlocutor lhe diz que isso já pode estar a acontecer, o cineasta concorda e diz que é preciso reagir ainda mais contra isso.

"E tem de vir da raiz. [A reação] Tem de vir dos próprios cineastas. E teremos os irmãos [Josh e Benny] Safdie, o Chris[topher] Nolan [...] E o ataque precisa vir de todos os lados. Atingi-los de todos os lados e sem parar. [...] Avancem em frente e façam. Reinventem. Não se queixem. Mas é verdade, porque temos de salvar o cinema", defendeu.

Scorsese apela para que não se reduza o cinema a "conteúdo"
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Scorsese também se insurgiu com a definição de "conteúdo" que está a ser usada pela era do "streaming" em vez de filmes ou cinema.

"Acho que o conteúdo fabricado não é realmente cinema. É quase como se a IA [Inteligência Artificial] fizesse um filme. E isso não significa que não se tenham realizadores incríveis e pessoas dos efeitos especiais a fazer um belíssimo trabalho", notou.

E deixa a interrogação: "Mas o que isso significa? O que fazem esses filmes, o que nos acrescentam? Para além de ser uma espécie de consumo de alguma coisa e depois eliminar do nosso pensamento, de todo o nosso corpo? O que nos está a dar?".

O próximo filme de Scorsese, "Assassinos da Lua das Flores", onde dirige Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, chega aos cinemas portugueses a 19 de outubro.

TRAILER LEGENDADO.