Teria sido "o melhor filme 'Star Trek'" de sempre, garante o argumentista que trabalhou no projeto com Quentin Tarantino.
A 21 de dezembro de 2017, as notícias de que o realizador estava interessado em fazer um filme da saga de ficção científica deixaram de boca aberta os fãs da saga de ficção científica e do cinema em geral.
Grande fã da série original criada por Gene Roddenberry, tudo estava bem encaminhado: o cineasta tinha-se encontrado naquele mês com várias argumentistas durante horas para discutir a sua ideia e outras e tencionava ser o realizador, não apenas produtor ou "força criativa".
Aceite pelo estúdio Paramount e pelo produtor J.J. Abrams, o projeto era da sua autoria, com classificação R (para adultos) e o argumento seria escrito por Marl L. Smith, o mesmo de "The Revenant: O Renascido", que trabalharia na história enquanto ele dedicava a sua atenção a outro filme sobre várias histórias em Los Angeles à volta do tempo dos assassinatos do culto dirigido por Charles Manson em 1969... que viria a ser "Era Uma Vez em... Hollywood".
Mas este "Star Trek" acabou por nunca avançar e outros ficaram pelo caminho, ao ponto de Chris Pine, que interpreta o Capitão Kirk, dizer publicamente que achava que a saga estava "amaldiçoada".
Passados seis anos, o argumentista Mark L. Smith revelou pela primeira vez que a desistência de Tarantino teve a ver com a sua bem conhecida intenção de se reformar após fazer dez filmes: "Era Uma Vez em... Hollywood" foi o nono "(ele considera "Kill Bill" apenas um filme dividido em duas partes).
A explicação encaixa com o timing da desistência: em dezembro de 2019, alguns meses após a estreia do filme onde juntou Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, Tarantino disse que se estava a "afastar" de ser o realizador. No mês seguinte, confirmava essa decisão e dizia que o estúdio devia avançar porque existia uma "boa ideia", disponibilizando-se para dar sugestões.
"O Quentin e eu andámos de volta disso, ele ia fazer algumas coisas e depois começou a preocupar-se com o número, o seu tipo de número não oficial de filmes”, disse o argumentista em entrevista ao Collider.
"Recordo-me de estarmos a conversar e ele dizer ‘Se eu conseguir aceitar na minha cabeça a ideia de que ‘Star Trek’ poderá ser o meu último filme, a última coisa que farei. É assim que quero terminar?'. E penso que esse foi o obstáculo que nunca conseguiu superar, portanto o argumento ainda está na sua secretária", notou.
"Sei que ele disse coisas muito simpáticas sobre ele. Adoraria que acontecesse. É apenas uma daquelas coisas que não consigo ver acontecer. Mas seria o melhor filme 'Star Trek', não pela minha escrita, mas simplesmente pelo que o Tarantino iria fazer com aquilo. Era um tipo de coisa ousado", esclareceu.
Mark L. Smith acrescenta que a intenção era mesmo ser um filme a sério para adultos, com alguma da violência vista em "Pulp Fiction" (1994), tudo beneficiando do conhecido estilo de cinema do realizador.
O argumentista diz mesmo que o "Star Trek" de Tarantino teria abanado a saga da mesma forma que Taika Waititi deu um novo tom aos filmes da Marvel com “Thor: Ragnarok".
Este ano, o realizador confirmou que o seu décimo filme se vai chamar "The Movie Critic" ("O Crítico de Cinema", em tradução literal) e será o último filme da sua carreira.
A história decorre em 1977 e inspira-se num homem que viveu nessa década e escrevia para uma revista pornográfica.
A intenção era começar a rodagem no outono, o que não se concretizou: ainda nem se sabe quem serão os atores.
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