O ator argentino Ricardo Darín afirmou esta quinta-feira (4), durante o Festival Internacional de Cinema do Panamá, que os filmes latino-americanos são muito mais "nutritivos" e "valiosos" pelas histórias que contam do que as grandes produções americanas.
"As nossas histórias, em muitos casos, são muito mais valiosas e muito mais nutritivas do que muitas das outras que vêm de mãos dadas com os orçamentos faraónicos", disse Darín numa conferência de imprensa.
Como exemplo disso, citou vários filmes latino-americanos comprados por grandes estúdios americanos para fazer "remakes".
"Não me ocorreria tentar comprar os direitos do 'Taxi Driver' para fazer a versão latina ou comprar um Picasso para adicionar novas pinceladas", ironizou.
No entanto, ele considerou "inegável" a dificuldade que as produções latinas têm para competir com o cinema americano, por uma questão cultural e por grandes orçamentos em promoção.
Para ele, "há um sentimento atmosférico de que o que está a faltar [em Hollywood] são histórias de carne e sangue, de seres humanos, de sacrifícios, das coisas que nos fazem rir, daqueles que nos causam angústia, isto é, da própria vida".
Darín, de 62 anos, é um dos convidados especiais da oitava edição do Festival Internacional de Cinema do Panamá, que acontece de 4 a 10 de abril.
O filme "El amor menos pensado" (2018), produzido e protagonizado por ele, foi a sessão de abertura do evento.
O festival também contará com a participação da atriz mexicana Yalitza Aparicio, nomeada para o Óscar como protagonista de "Roma", vencedor de três estatuetas.
Segundo Darín, este tipo de festival é um "grande esforço" e "uma grande oportunidade" para "tornar nossas histórias conhecidas" e competir com "aquele grande tsunami orçamentário" das megaproduções.
Darín participou de 50 filmes, como "O Filho da Noiva", "Um Conto Chinês", "Tesis sobre un homicidio" e "O Segredo dos Seus Olhos", vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010 e mais tarde adaptado por Hollywood com Julia Roberts e Nicole Kidman.
Em 2016, recebeu o Goya de Melhor Ator por "Truman", enquanto em 2017 foi o primeiro latino-americano a receber o prémio Donostia pela sua carreira no Festival de San Sebastian.
"A única coisa que me move são as histórias, venham de onde vierem, que alcancem os nossos corações e nos ajudem a entender que a vida pode ser melhor, ou refletir sobre as coisas que não devemos mais fazer ou permitir que sejam feitas", afirmou Darín.
"Todos nós queremos que nos contem uma história que nos ajude, seja para superar o dia ou melhorar as nossas vidas", concluiu.
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