O realizador francês Luc Besson vai ter de pagar ao seu colega norte-americano quase 450 mil euros por plagiar o seu clássico "Nova Iorque 1997" ("Escape from New York").
Besson sempre negou as semelhanças do argumento de "Lockout - Máxima Segurança", lançado em 2012, com o 'thriller' futurista de 1981, mas um tribunal de Paris considerou que usou 'enormes elementos-chave'.
No filme de John Carpenter, Kurt Russell era um criminoso e antigo soldado de elite 'convidado', em troca da sua vida, a ir buscar o presidente dos Estados Unidos depois do seu avião se despenhar numa Nova Iorque transformada numa gigantesca prisão governada pelos seus detidos.
Já em "Lockout", Guy Pearce era um homem injustamente condenado que recebia uma proposta de libertação se conseguisse resgatar a filha do presidente de uma cadeia no espaço tomada de assalto pelos seus prisioneiros.
Muitos críticos de cinema notaram as semelhanças e até fizeram piadas, mas o próprio John Carpenter não reagiu com a mesma disposição e levou o caso à justiça, exigindo 2,4 milhões de dólares [cerca de 2,14 milhões de euros].
Em outubro de 2015, um tribunal de primeira instância decidiu a seu favor e condenou Besson, a sua produtora Europacorp e os outros argumentistas do filme a pagarem 85 mil euros a Carpenter, ao co-argumentista Nick Castle e à StudioCanal, que tem os direitos de "Nova Iorque 1997".
A decisão foi uma grande vitória pois casos de plágio são difíceis de provar no cinema e ainda mais no género de ação e ficção científica, que partilham muitas das mesmas influências.
Aliás, no caso de apelo, Besson argumentou que a decisão bloqueava a 'liberdade artística'.
Já os seus advogados defenderam que 'um dos maiores talentos franceses de todos os tempos' nunca iria intencionalmente plagiar um filme e que também "Nova Iorque 1997" se inspirava bastante em "Rio Bravo" (1959), de Howard Hanks, e "Mad Max - As Motos da Morte" (1979), de George Miller.
O tribunal de segunda instância discordou, dizendo que eram demasiadas as semelhanças.
Os heróis de ambos 'entravam na prisão voando num planador/nave espacial, tinham de se confrontar com detidos liderados por um chefe com um braço direito estranho, descobriam pastas de documentos muito importantes e encontravam antigos parceiros que morriam depois', descreveram na sentença. 'E no final, [ambos] guardavam os documentos secretos recuperados durante a sua missão'.
Os advogados de Luc Besson ainda não reagiram à nova decisão que aumentou mais de cinco vezes o valor da indemnização.
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