Há exatamente 40 anos, David Lynch começava a produção de "Dune", que é considerado o seu maior desastre artístico. A tal ponto que o lendário cineasta nem sequer quer ouvir falar da nova versão feita por Denis Villeneuve.
Após os sucessos de "Eraserhead" (1977) e "O Homem Elefante" (1980), a carreira de Lynch estava lançada e depois de recusar o convite de George Lucas para dirigir o terceiro "Star Wars" ("O Regresso de Jedi", 1983), foi parar ao mundo da ficção científica de Frank Herbert e de "Dune", uma superprodução sob a tutela do produtor Dino De Laurentiis onde perdeu o controlo criativo.
Com vários problemas durante a rodagem e sem controlo sobre a montagem final, o resultado foi um retumbante fracasso artístico e comercial em 1984, com diferentes versões disponíveis e que Lynch essencialmente renegou, fazendo com que nunca mais se quisesse envolver em projetos dos grandes estúdios de Hollywood.
A nova versão de Denis Villeneuve lançada em 2021 e o seu sucesso parece ter reavivado memórias dolorosas em Lynch, que diz ter sofrido uma depressão com a sua experiência, a tal ponto que a resposta foi curta e clara quando a Cahiers du Cinéma falou do assunto.
"Nunca irei ver e nem sequer quero que vocês me falem sobre isso, nunca", disse numa entrevista no número de abril da lendária revista de cinema francesa, partilhado por um leitor que disse que é a resposta para um "cartão a apresentar a todas aquelas pessoas que vos dizem que 'devem' ver este ou aquele filme".
Do filme de 1984, houve uma consolação: o encontro e o início de uma longa colaboração artística de Lynch com o ator Kyle MacLachlan, que não teve problemas em ver a nova versão de Villeneuve.
"Vi o filme dele, foi ótimo, gostei. Para ser sincero, tive uma tremenda sensação de nostalgia, ver algumas das cenas e lembrar-me de coisas que fiz com o nosso elenco em 1983. Portanto, foi uma viagem pelas memórias, mas gostei muito", disse o ator ao ComicBook.com.
Comentários