Recém-saído do grande sucesso de "Barbie", Ryan Gosling aproveitou a antestreia em Los Angeles do seu novo filme "The Fall Guy" ("Profissão: Perigo" em Portugal) para ceder os holofotes aos heróis anónimos de Hollywood: os duplos.
Vagamente baseado na série de TV do mesmo nome dos anos 1980, "Profissão: Perigo" coloca Gosling como um duplo veterano recém-saído de um acidente que quase pôs fim à sua carreira para salvar uma antiga paixão (Emily Blunt) de uma misteriosa conspiração do mundo real.
O lançamento do filme ocorre num momento em que cresce a pressão em Hollywood para que os duplos recebam mais reconhecimento, incluindo uma categoria própria nos Óscares.
“Ele foi incendiado oito vezes por minha causa”, disse Gosling, apontando para um dos seus duplos durante o evento na passadeira vermelha de terça-feira.
"Como se pode agradecer a alguém por isso?", disse.
No filme, o herói interpretado por Gosling tem de recorrer a todos os seus impressionantes truques e conhecimentos - navegando em perseguições em alta velocidade e lutando contra capangas com armas improvisadas à pressa - para encontrar uma estrela de cinema desaparecida, salvar o dia e reconquistar o amor da sua vida.
Estas técnicas foram exibidas ao lado das estrelas de primeira grandeza na antestreia em Los Angeles, enquanto duplos deram uso a motas pela passadeira vermelha, saltavam de uma plataforma muito alta e eram arremessados por janelas.
“Simplesmente aparecemos e tentamos partir alguns vidros e fazer um espetáculo divertido para todos”, brincou o duplo Justin Eaton.
Já nos cinemas portugueses, "Profissão: Perigo" é realizado por David Leitch, um antigo duplo que levou tareias de Matt Damon no terceiro dos filmes "Jason Bourne"e Brad Pitt em "Clube de Combate", entre outros.
Leitch deu o salto para a realização com o grande sucesso de “John Wick” em 2014 e desde então dorigiu sucessos como “Atomic Blonde”, “Deadpool 2” e “Bullet Train: Comboio Bala”.
Mas “Profissão: Perigo” é o primeiro filme de Leitch a destacar e homenagear especificamente a sua antiga profissão.
E com os efeitos visuais gerados por computador cada vez mais usados em sequências de ação nos filmes de Hollywood, Leitch aproveitou a oportunidade para colocar alguns dos melhores da indústria a trabalhar no tipo de acrobacias práticas da velha escola que raramente são feitas atualmente perante as câmaras.
“Era realmente importante – queríamos concentrar-nos na prática (acrobacias), porque era uma celebração dessa perícia artística que as comunidades de duplos tinham”, explicou o realizador à France-Presse.
“Portanto, inclinámo-nos para as acrobacias clássicas e fizemo-las a sério", acrescentou.
Óscares para os duplos?
O mais recente papel de Gosling exigiu vários duplos especializados.
Logan Holladay, um especialista em acrobacias de condução, bateu um recorde mundial durante o filme, o de maior número de capotamentos num único carro.
A ação envolveu um dispositivo debaixo do carro acionado quando este atinge uma determinada velocidade, impelindo-o para uma série de capotamentos.
No caso do novo filme, foram oito e meio, batendo um recorde que pertencia a Adam Kirley, que completou sete durante a rodagem de "007: Casino Royale", de 2006.
Os apelos para uma categoria de “Melhores Stunts” nos Óscares têm crescido, com os apoiantes a argumentar que a sua contribuição é igual à dos editores de som, caracterizadores e os mágicos dos efeitos especiais que já são homenageados.
“Pode-se ganhar o Óscar de Melhor Argumento a escrever num anexo durante um ano”, disse na antestreia Drew Pearce, o argumentista do novo filme.
"Tem de se literalmente arriscar a morte todos os dias - e não apenas uma 'morte metafórica', mas a morte a sério - para ser um duplo", explicou.
O trabalho dos duplos já é homenageado em algumas cerimónias de prestígio no cinema e na TV, como os Screen Actors Guild Awards.
As estrelas de "Profissão: Perigo", Gosling e Blunt, prestaram homenagem aos duplos durante a cerimónia dos Óscares a 10 de março, apresentando uma montagem em vídeo com sequências de arrepiar os cabelos, de Charlie Chaplin até os filmes "John Wick", de Leitch.
“Eles têm sido uma parte crucial da nossa comunidade desde o início do cinema”, disse Gosling na cerimónia.
Ainda não se sabe se essa campanha terá sucesso, maspor enquanto, o filme pelo menos aumentou a atenção para os riscos do trabalho.
“(Como) pessoas que trabalham nas sombras, aceitamos isso, concordámos com isso”, disse Eaton.
“Mas simplesmente ter algum reconhecimento do nosso público é realmente o mais importante”, concluiu.
TRAILER.
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