"Mulher-Maravilha" foi o maior sucesso do verão, tanto pelas gigantescas receitas nas bilheteiras como pelas impressionantes críticas positivas. E um dos maiores elogios foi a sua representação de uma poderosa protagonista feminina.
O realizador James Cameron ("Titanic", "Avatar") não está impressionado e foi contra a corrente: apesar de dizer que gostou do filme, critica a forma como a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) foi retratada, chamando mesmo um "passo atrás" para as protagonistas femininas.
"Todos os auto-elogios feitos por Hollywood a propósito de 'Mulher-Maravilha' têm sido tão enganadores. Ela é um ícone objetivado e é apenas a Hollywood masculina a fazer o habitual!", explicou ao The Guardian durante uma entrevista sobre o relançamento de "Exterminador Implacável 2", um filme que foi muito elogiado por ter em Sarah Connor (Linda Hamilton) uma forte personagem feminina.
"Não estou a dizer que não gostei do filme mas, para mim, é um passo atrás. Sarah Connor não era um ícone da beleza. Ela era forte, ela era problemática, ela era uma péssima mãe e conquistou o respeito dos espectadores pelo espírito indomável. E para mim [a vantagem de personagens como Sarah] é tão óbvio. Isto é, metade do público é feminino", acrescentou.
Os comentários foram surpreendentes não só por ele ter sido um dos primeiros a dar destaque a uma forte personagem feminina no cinema de ação com Sarah Connor, mas também pela transformação de Ellen Ripley (Sigourney Weaver) noutro ícone do género em "Aliens" (1986).
Sem surpresa, Cameron tornou-se o alvo de uma chuva de críticas nas redes sociais, onde também a realizadora de "Mulher-Maravilha" acabou por reagir, fazendo uma crítica por não conseguir compreender o impacto do filme.
"A incapacidade de James Cameron de perceber o que é 'Mulher-Maravilha', ou o que representa para as mulheres de todo o mundo, não é surpreendente porque, embora ele seja um grande cineasta, não é uma mulher. As mulheres fortes são ótimas. Foi muito apreciado o seu louvor do meu filme 'Monstro' [que valeu o Óscar a Charlize Theron] e da nossa representação de uma mulher forte ainda que traumatizada. Mas não fomos suficientemente longe se as mulheres têm de ser sempre duras e problemáticas para serem fortes, e não somos livres para ser complexas ou festejar um ícone das mulheres em todo o lado porque ela é atraente e atenciosa", escreveu Patty Jenkins.
"Acredito que as mulheres podem e devem ser TUDO, tal como os personagens masculinos devem ser. Não existe o tipo certo ou errado de mulher forte. E o gigantesco público feminino que tornou o filme o sucesso gigantesco que é pode certamente escolher e avaliar os seus próprios ícones de progresso", completou.
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