Mesmo tendo sido nomeado quatro vezes para o Óscar (como realizador e produtor tanto de
«Os Quatro da Vida Airada», de 1979, como de
«O Companheiro», de 1983),
Peter Yates nunca foi considerado um cineasta excepcional, que se distinguisse da maioria dos seus colegas de profissão, mas revelou-se sempre um exemplo consumado de profissionalismo, capaz de trabalhar os mais diversos géneros com solidez e eficácia, e deixando vários filmes de mérito para a posteridade.
Nascido em 1928, em Aldershot, Hampshire, Yates licenciou-se na Royal Academy of Dramatic Art, trabalhou em teatro e televisão (incluindo episódios da serie «O Santo», com
Roger Moore) e foi assistente dos realizadores
Tony Richardson e
J.Lee Thompson, antes de assinar o seu primeiro filme, um célebre musical de
Cliff Richard chamado
«Mocidade em Férias», em 1963.
Em 1967 realizou o «thriller»
«O Maior Roubo de Sempre», uma versão muito conseguida de um célebre assalto a um comboio efectuado em 1963, que lhe valeu o passaporte para Hollywood e a realização daquele que seria o seu filme mais célebre:
«Bullitt», com
Steve McQueen no papel do polícia titular, e que tinha uma perseguição de automóvel pelas ruas de San Francisco que ficou para a história.
Daí para a frente, Yates tocou em todos os géneros, sempre com solidez e eficácia: o drama romântico com
«John and Mary» (1969), a aventura com
«O Abismo» (1977), o fantástico com
«Krull - Além da Imaginação», de 1983, a comédia negra com
«Ambulância para Todo o Serviço» (1976), a guerra com
«Duelo à Beira do Rio» (1971) e, principalmente, o «thriller» criminal, com fitas com
«O Grande Golpe» (1972),
«Selva Humana» (1973),
«Os Olhos da Testemunha» (1981) e
«Sob Suspeita» (1987), quase sempre com grandes estrelas no elenco.
Em 1979 foi nomeado ao Óscar de Melhor Realizador e Melhor Filme (enquanto produtor) pelo drama
«Os Quatro da Vida Airada», que conquistaria o troféu de Melhor Argumento Original, e em 1983 voltaria a ser nomeado nessas duas condições pelo muito elogiado
«O Companheiro», baseado numa peça de Ronald Harwood, que valeu a
Albert Finney um dos grandes papéis da sua vida e também a nomeação à estatueta dourada.
A partir da década de 90, a sua carreira perdeu brilho, realizando o seu último filme em 1999,
«Um Romance do Outro Mundo», com
James Spader. O cineasta continuou depois activo na televisão, onde brilhou em 2000 numa adaptação de
«Don Quixote», com
John Lithgow como Quixote e
Bob Hoskins como Sancho Pança, e em 2004, numa versão de 2004 do romance de John Knowles, «A Separate Peace».
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