“Como é que tanto talento nacional fica confinado ao nosso país? A mim fazia-me confusão. As pessoas têm de ter mais oportunidades fora, o mundo tem de descobrir estes talentos”, exclamou Patrícia Vasconcelos, que criou em 2016 este projeto dedicado à promoção e internacionalização de atrizes e atores portugueses.
Este ano, o Passaporte conta com 16 participantes, de várias gerações, uns mais conhecidos do que outros, que fazem cinema, televisão e teatro sobretudo em Portugal, e que se darão a conhecer e ao seu trabalho a vários diretores de casting.
Entre os selecionados estão as atrizes Ana Sofia Martins, Bárbara Branco, Joana Santos, Beatriz Godinho, Carlota Crespo, Ema Sofia Fonseca, Joana Santos, Leonor Vasconcelos, Mariana Cardoso e Raquel Rocha Vieira.
A elas juntam-se Virgílio Castelo, Rui Maria Pego, Nuno Nolasco, José Condessa, Filipe Cates, David Medeiros e Ângelo Rodrigues.
Cerca de vinte diretores de casting e agentes internacionais, sobretudo de França, Reino Unido e Estados Unidos, juntam-se a esta edição do Passaporte, não só para procurar talentos, mas também para participarem em alguns worskops e para falarem deste mercado.
Destaque para a presença da premiada diretora de casting Nina Gold, cujo currículo inclui o último filme da série “Indiana Jones”, três da saga “Guerra das Estrelas”, as séries “Guerra dos Tronos”, “The Crown” e “Chernobyl”.
Kate Rhodes James, que fez seleção de elencos para a série “House of the Dragon” e que está atualmente a trabalhar para o filme “Gladiador 2”, de Ridley Scott, Debbie McWilliams, que escolheu o elenco de 13 filmes James Bond, e Marcela Altberg, responsável pelo departamento de casting na Amazon Studios Brasil, também vão estar no Passaporte.
“O que é importante aqui é proporcionar oportunidades aos atores que vivem em Portugal, de poderem ser equacionáveis a um casting que não seja em Portugal”, explicou Patrícia Vasconcelos.
Comparando com edições anteriores, a diretora de casting diz que ainda se mantém a curiosidade dos estrangeiros sobre Portugal, sentida nos últimos anos, comparando que “há umas décadas era mais Espanha”.
Sobre “casos de sucesso” que participaram em edições anteriores do Passaporte, a organização cita Nuno Lopes, que entrou a série “White Lines”, ou Alba Baptista, pelo filme “Um sonho em Paris”.
Para Patrícia Vasconcelos, “o que interessa é profissionalizar a própria área, ou seja, fazer com que os atores cada vez mais tenham a experiência das ‘selftapes’, das técnicas que são usadas lá fora, profissionalizar o setor”.
O programa tem financiamento do Fundo de Fomento Cultural e da Fundação GDA e conta com parceria da Academia Portuguesa de Cinema, mas, tal como no ano passado, Patrícia Vasconcelos lamenta ter falta de recursos e apoios.
“O que é que tenho de provar mais? Este ano não pude convidar um famosíssimo diretor de casting de Los Angeles, porque já não tinha dinheiro. Vamos na oitava edição e o Turismo [de Portugal] continua a não dar nem que seja dez mil euros para o programa?”, questionou.
Para Patrícia Vasconcelos, o “orçamento mínimo” para fazer o Passaporte ronda os 80 mil euros.
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