A lendária atriz Meryl Streep teve o mundo do cinema aos seus pés ao receber a Palma de Ouro honorária na terça-feira à noite na cerimónia de abertura do Festival de Cannes para imortalizar o seu 'lugar indelével na história do cinema'.

A Palma recompensa a prolífica carreira da atriz, iniciada em 1977 com "Julia", seguida por "Kramer vs. Kramer", o seu primeiro Óscar (1979). O segundo veio com "A Escolha de Sofia" (1982), interpretando uma sobrevivente do Holocausto, e o terceiro dando vida à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em "A Dama de Ferro" (2011).

Streep, Fonda, Binoche: as estrelas na passadeira vermelha da abertura do Festival de Cannes
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Mas foi ao som da banda sonora de "África Minha" (1985) que foi recebida em palco, mas antes que pudesse receber o prémio, foi saudada por uma estrondosa ovação de pé durante dois minutos que a deixou tão emocionada que primeiro fingiu sair do palco, mas finalmente começou a dançar sob os aplausos.

"A Rainha Meryl", de 74 anos, já acumula praticamente todas as distinções possíveis, incluindo o recorde de 21 nomeações aos Óscares e três estatuetas. Em Cannes, porém, não aparecia há 35 anos.

Meryl Streep com Juliette Binoche e a Palma

A Palma de Ouro honorária foi entregue por Juliette Binoche, incapaz de conter as lágrimas na apresentação.

“Quando a vejo no ecrã, não a vejo... De onde vem isso? Nasceu assim? Não sei, mas há uma crente em si, uma crente que me permite acreditar", disse a atriz francesa.

Descrevendo Streep como 'um tesouro internacional, Binoche recordou muitos dos seus papéis, de "A Escolha de Sofia" a "Julie & Julia", antes de acrescentar: 'Você mudou a nossa maneira de ver as mulheres no mundo do cinema (...) Deu-nos uma nova imagem de nós mesmas".

VEJA A APRESENTAÇÃO DE JULIETTE BINOCHE.

A homenageada agradeceu a Cannes por recebê-la de volta depois de ganhar o prémio de Melhor Atriz por "Um Grito de Coragem", a sua única aparição.

Ver o vídeo com imagens da sua carreira foi “como olhar pela janela de um comboio-bala, ver minha juventude chegar à meia idade, direto para onde estou neste palco esta noite. Tantos rostos e tantos lugares dos quais me lembro”.

Mas também recordou que "já tinha três filhos, estava quase a fazer 40 e pensava que a minha carreira tinha acabado".

"Não era uma expectativa irrealista para as atrizes daquela época. E a única razão pela qual estou aqui esta noite e para que ter continuado é por causa dos artistas muito talentosos com quem trabalhei, incluindo Madame La President”, disse, apontando para a presidente do júri que vai decidir os prémios da competição, Greta Gerwig, que a dirigiu em “Mulherzinhas” (2019).

"Devo muito a todos os amantes do cinema. Estou muito grata por não terem enjoada da minha cara, por ainda não terem saído do comboio. A minha mãe, que geralmente tem razão em tudo, disse-me: ‘Meryl, minha querida, vais ver. Tudo acontece tão depressa. Tão depressa’. E aconteceu, e acontece. Exceto o meu discurso, que é muito longo. Obrigado a todos por esta honra”, concluiu.

Outras duas Palmas honorárias serão entregues nesta 77ª edição, uma coletiva ao lendário estúdio de animação japonês Ghibli no dia 20 e outra ao cineasta George Lucas, o pai de “Star Wars”, durante a cerimónia de encerramento no dia 25.

VEJA A HOMENAGEM COMPLETA A MERYL STREEP.