A caminho dos
Óscares 2020
A elite de Hollywood e alguns convidados "internacionais" juntam-se já este domingo para a grande noite dos Óscares, que se realiza no Dolby Theatre, em Los Angeles.
O objetivo é festejar o melhor do cinema numa cerimónia de três horas (no ano passado, foram 23 minutos a mais) e a Academia e a estação ABC voltam a apostar pelo segundo ano consecutivo num formato sem anfitrião.
Os produtores podem respirar de alívio porque vários sucessos de bilheteira estão na corrida às principais categorias e até há quatro filmes com dez ou mais nomeações, algo nunca visto em 92 anos da história das estatuetas.
Para atrair as tão desejadas audiências, e sem um anfitrião a conduzir a cerimónia, já foram antecipados outros trunfos, nomeadamente as atuações especiais de Billie Eilish, a grande vencedora dos últimos Grammys num manobra para tentar apelar a uma audiência mais jovem, e ainda de Janelle Monáe. E um ano após o grande momento "Shallow" com Lady Gaga e Bradley Cooper, a grande estrela de cartaz das canções nomeadas promete ser Elton John, que interpretará "(I'm Gonna) Love Me Again", do filme "Rocketman".
VEJA A LISTA COMPLETA DE NOMEADOS
Finalmente, há o desfile de estrelas: para além de Mahershala Ali, Regina King, Rami Malek e Olivia Colman, os atores vencedores dos Óscares do ano passado, vão passar pelo palco como apresentadores novas estrelas e veteranos, com atenção à diversidade.
Para não ferir susceptibilidades, listamos algumas por ordem alfabética: Timothée Chalamet, James Corden, Jane Fonda, Will Ferrell, Gal Gadot, Tom Hanks, Salma Hayek, Oscar Isaac, Mindy Kaling, Diane Keaton, Shia LaBeouf, Brie Larson, Spike Lee, Julia Louis-Dreyfus, Steve Martin, Lin-Manuel Miranda, Sandra Oh, Natalie Portman, Keanu Reeves, Chris Rock, Mark Ruffalo, Taika Waititi, Sigourney Weaver, Kristen Wiig e Rebel Wilson.
Há um ano, as primeiras apresentadoras a subir ao palco, Maya Rudolph, Amy Poehler e Tina Fey, brincaram com os temas que tinham aquecido as semanas que antecederam a cerimónia: a ausência de anfitrião após as polémicas com Kevin Hart, o recuo na criação da categoria do Óscar para o filme mais popular e ideia abortada de entregar alguns prémios durante os intervalos.
Mais a sério ou com humor, seguramente que não vão ser ignoradas as maiores polémicas desta 92ª edição dos Óscares: a falta de diversidade entre os nomeados, tanto pela inclusão de apenas uma não caucasiana entre os 20 intérpretes nomeados (Cynthia Erivo por "Harriet") como pela ausência de mulheres, principalmente na categoria de Melhor Realização, designadamente de Greta Gerwig pelo seu trabalho em "Mulherzinhas". Ainda que, afinal, uma análise mais pormenorizada às nomeações tenha revelado que 65 dos 209 candidatos são mulheres.
Há quem diga que um fator a pesar na falta de diversidade nas nomeações terá sido o facto de os Óscares acontecerem três semanas mais cedo do que é habitual, o que tornou a temporada de prémios muito mais curta.
Vários jornalistas relataram conversas com membros da Academia "furiosos" por terem menos tempo para ver os filmes, primeiro para escolher os nomeados e depois os vencedores. Alguns analistas defendiam que os Óscares deviam ser antecipados porque perdiam impacto por estarem no final de fevereiro, após vários eventos de prémios, mas o balanço da experiência prática parece não ser positivo.
As cerimónias de 2021 e 2022 já tinham sido marcadas há um ano novamente para o final de fevereiro e pessoas bem colocadas na Academia já passaram informalmente a palavra aos jornalistas que é aí que deverão continuar.
"1917" e o Óscar de Melhor Filme garantido?
A votação online fechou às 17h00 de terça-feira em Los Angeles e o guião que muitos vaticinam para o Óscar de Melhor Filme é a vitória do muito elogiado "1917": aos Globos de Ouro juntou-se o consenso da indústria, com os importantes prémios do Sindicato dos Produtores e Realizadores, além dos BAFTA da Academia de Cinema britânica.
Representando o melhor dos estúdios tradicionais de Hollywood (um épico à antiga com um tema "importante" feito por um grande realizador e com um grande orçamento) e com dez nomeações, há quem aposte que o "thriller" de guerra de Sam Mendes possa ter uma vitória avassaladora e arrecadar Melhor Filme, Realização, Fotografia, Design de Produção, Efeitos Visuais e pelo menos uma das categorias de som (Mistura ou Efeitos Sonoros).
Venceria assim seis Óscares, tantos como os que recebeu "Estado de Guerra" em 2010: desde então, o palmarés tem sido bastante repartido e os vencedores de Melhor Filme receberam desde apenas duas estatuetas para "O Caso Spotlight" em 2016 até as cinco de "O Artista" em 2012.
Uma vitória de "1917" seria também a primeira para um filme sem qualquer ator do elenco na corrida às estatuetas de interpretação desde "Quem Quer Ser Bilionário", que, com oito prémios em 2009, foi o último "papa-óscares".
Mas a Academia, com mais de 8500 votantes e a reforçar nos últimos anos a sua diversidade e espírito "internacional", pode ainda optar por surpreender toda a gente com uma de três novidades revolucionárias: atribuir a vitória pela primeira vez a "O Irlandês", um filme da Netflix que recebeu dez nomeações e também é considerado um dos melhores da carreira do seu realizador, o lendário Martin Scorsese; a "Joker", uma adaptação da BD, que tem presença em 11 categorias e até é o filme mais nomeado; ou premiar "Parasitas", uma obra não falada em inglês.
E vale a pena recordar que "Era Uma Vez em... Hollywood" também tem dez nomeações: além do tema que retrata dizer muito à indústria, o filme é considerado um regresso à melhor forma de Quentin Tarantino e Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, que lideram um impressionante elenco de atores (que são os maiores votantes da Academia).
Os outros nomeados para Melhor Filme só parecem vir a ter alguns prémios de "consolação": com seis nomeações, "Marriage Story" parece ter garantida a categoria de Melhor Atriz Secundária e talvez Argumento Original; das quatro nomeações, "Le Mans '66: O Duelo" tem legítimas expectativas na Montagem e um ou dos dois prémios de Som; ambos com seis nomeações, "Jojo Rabbit" e "Mulherzinhas" tornaram-se nas últimas semanas fortes candidatos para Argumento Adaptado.
Veja os nomeados ao Óscar de Melhor Filme num vídeo de dois minutos:
Prémios para os atores estão mais do que decididos?
"Joker" é um sucesso esmagador em todo o mundo e, amado ou odiado, parece ser de longe o título que mais agarrou o "zeitgeist" do nosso tempo no último ano, pelo que não é de excluir uma surpresa nas categorias principais.
Ainda assim, além do prémio de Banda Sonora para a islandesa Hildur Guðnadóttir, o mais provável é que das 11 nomeações só esteja quase garantida a de Melhor Ator para Joaquin Phoenix, que, pelo entusiasmo com que foi sendo aplaudido em pé em vários eventos, tem claro ascendente sobre Adam Driver ("Marriage Story"), Antonio Banderas ("Dor e Glória"), Leonardo DiCaprio ("Era Uma Vez...") e Jonathan Pryce ("Dois Papas").
Na verdade, a temporada encurtada dos prémios parece ter produzido um quarteto de atores claramente consensual e qualquer alteração sobre isso seria uma enorme surpresa.
Nas atrizes protagonistas, Renée Zellweger com "Judy" é a favorita na categoria onde estão nomeadas Cynthia Erivo ("Harriet"), Saoirse Ronan ("Mulherzinhas"), Charlize Theron ("Bombshell") e Scarlett Johansson ("Marriage Story").
Entre os atores secundários, Brad Pitt é um (super) favorito por "Era Uma Vez em... Hollywood", à frente dos antigos vencedores Al Pacino e Joe Pesci ("O Irlandês"), Tom Hanks ("Um Amigo Extraordinário") e Anthony Hopkins ("Dois Papas").
Como Atriz Secundária, Laura Dern pode levar o único prémio para "Marriage Story", deixando de mãos a abanar Margot Robbie ("Bombshell"), Florence Pugh ("Mulherzinhas") - que, se não tivesse a veterana pela frente poderia ser a favorita-, Scarlett Johansson ("Jojo Rabbit") e Kathy Bates ("O Caso de Richard Jewell").
O quarteto favorito esteve muito ativo na campanha, disponível para todas as cerimónias, retrospetivas de carreira e eventos de divulgação dos respetivos filmes, mesmo um claramente controlado Joaquin Phoenix, conhecido pela sua aversão à temporada dos prémios.
O mais empenhado foi claramente Brad Pitt, que se destacou pelos discursos com algumas piadas certeiras que tiveram grande impacto mediático (um artigo do jornal The Guardian garantia que recorreu à ajuda dos comediantes do programa Saturday Night Live) e espalhou simpatia, modéstia, inteligência e amor pelo cinema (o reencontro "público" com Jennifer Anniston e as fotografias foram provavelmente o grande momento da temporada).
Vale a pena dizer que nada disto é deixado ao acaso: o mesmo artigo do The Guardian notava que todos os filmes em competição tem equipas profissionais de relações públicas a controlar os pormenores mais ínfimos da campanha, dos discursos às "narrativas" construídas à volta dos filmes e dos seus atores. Está muita coisa em jogo e nada fica por controlar.
Assim, a narrativa de Joaquin Phoenix é a de ser um ator de grande talento, respeitado pelos pares pelo espírito independente da carreira, que não comprometeu ao participar numa "adaptação da BD"; Renée Zellweger é a atriz que está de "regresso" aos melhores momentos após vários anos na mó de baixo a nível profissional e pessoal; Brad Pitt é, naturalmente, o colega adorado e respeitado com uma carreira de 30 anos que nunca ganhou um Óscar (não é bem assim, tem um como produtor de "12 Anos Escravo", mas não conta para estas contas); e Laura Dern é outra veterana adorada e respeitada que também é filha de duas lendas vivas, os também atores Bruce Dern e Diane Ladd.
AS CURIOSIDADES QUE TALVEZ NÃO SAIBA SOBRE OS ÓSCARES DESTE ANO:
O prémio mais do que garantido para "Parasitas"
Mais previsível do que Brad Pitt só mesmo o Óscar de Melhor Filme Internacional para "Parasitas", que deverá deixar pelo caminho "Dor e Glória", o melhor filme em muitos anos de Pedro Almodóvar, e ainda "Os Miseráveis" (França), "Corpus Christi - A Redenção" (Polónia) e "Honeyland" (Macedónia do Norte).
O filme sul-coreano de Bong Joon-ho está imparável após ter arrebatado uma série inusitada de distinções, cada vez com mais aplausos de pé, incluindo o troféu para Melhor Elenco nos prémios do Sindicato dos Atores da América e o de Melhor Argumento Original também do sindicato correspondente.
As bolsas de apostas acreditam que pode juntar ainda a vitória precisamente no Argumento Original, deixando Tarantino sem o terceiro Óscar na categoria, Montagem e até Direção Artística.
E claro, fala-se na possibilidade de vencer Melhor Filme após tantas manifestações públicas de admiração (realizador e atores andam há meses em campanha por Hollywood) e por causa da composição cada vez mais internacional da Academia.
Seria a primeira vez desde "Marty", de 1956, que uma Palma de Ouro em Cannes conquistaria também o Óscar de Melhor Filme e abriria uma imensa janela para as produções não faladas em inglês na maior montra de cinema do mundo.
... e o prémio de todas as dúvidas
Já o Óscar mais imprevisível é o de Melhor Longa-Metragem de Animação. O que não deixa de ser irónico pois em 18 estatuetas entregues desde 2001, nove foram para a Pixar e três para a Disney.
Tudo indicava que este ano seria para mais do mesmo, com as presenças de "Toy Story 4" (da Pixar) e "Frozen II: O Reino do Gelo" (Disney).
Isto mudou em poucas semanas, primeiro com a vitória de "Mr. Link" nos Globos de Ouro e, logo a seguir, com "Frozen II" surpreendentemente a falhar a nomeação.
Finalmente, deu-se o "terramoto" dos prémios Annie, os "Óscares" da animação, que consagrou "Klaus" em todas as sete categorias para as quais foi nomeada: Melhor Longa-Metragem de Animação, Melhor Realização (para o espanhol Sergio Pablos), Melhor Animação de Personagens (para o português Sérgio Martins), Melhor Design de Personagens, Melhor Direção Artística, Melhor Storyboard e Melhor Montagem.
Esta vitória esmagadora de "Klaus", produzido em Espanha e que conta uma história alternativa do Pai Natal, baralhou as contas que davam "Toy Story 4" como o favorito e que, afinal, saiu da cerimónia dos Annie de mãos a abanar. E desde que a categoria do Óscar para Melhor Longa-Metragem de Animação foi criada, 13 dos 18 vencedores arrebataram também o Annie, incluindo seis vezes nas últimas oito cerimónias.
Após "Tio Tomás - A Contabilidade dos Dias", de Regina Pessoa, falhar a corrida para Melhor Curta-Metragem de Animação, um prémio para "Klaus" teria uma consolação especial pois na equipa que junta pessoas de mais de 20 países estão os portugueses Sérgio Martins, como supervisor de animação, e seu irmão Edgar Martins, supervisor na área do argumento.
O ano em que os Óscares voltaram a ser acusados de marginalizar as mulheres
A acusação repete-se todos os anos e 2020 não ficou de fora: a Academia dos Óscares seleciona predominantemente candidatos masculinos e marginaliza as mulheres nas categorias mais importantes, como denuncia a hashtag #OscarsSoMale [#ÓscaresMuitoMasculinos] nas redes sociais.
Este ano, as críticas uniram-se à volta da norte-americana Greta Gerwig, a cineasta do novo “Mulherzinhas”, que muitos queriam ver aparecer na lista das nomeações para o Óscar de Melhor Realização.
A sua ausência e especialmente o facto de que as cinco indicações nesta categoria serem para homens, alimentaram – outra vez – a polémica.
Os detratores dos Óscares mostraram estatísticas implacáveis: foi necessário esperar até 2009 para uma mulher, Kathryn Bigelow, receber a estatueta de Melhor Realizadação por "Estado de Guerra"
E em 92 cerimónias, apenas cinco mulheres no total competiram nesta categoria. Ironicamente, a última foi precisamente a própria Greta Gerwig, com “Lady Bird” em 2017.
Alguns afirmam que a ausência de realizadoras na seleção de 2020 não é o resultado de uma marginalização deliberada dos Óscares, mas simplesmente uma consequência da forte concorrência numa temporada marcada por filmes de sucesso como “Joker”, “1917”, “Era uma vez em... Hollywood”, “O Irlandês” e “Parasitas”, que já ganharam vários prémios.
Além do caso de Greta Gerwig, ninguém nega o facto de que a Academia, e mais amplamente Hollywood, discriminou as mulheres durante bastante tempo e agora luta para quebrar os seus velhos hábitos misóginos.
O progresso é lento, mas as coisas mudaram desde que a Academia decidiu em 2016 expandir o ingresso dos seus novos membros para responder às críticas sobre a baixa representação de mulheres e minorias.
Ainda hoje são 68% homens e 84% brancos, insistem os seus críticos, mas pela primeira vez na história as mulheres foram responsáveis por metade dos novos membros integrados em 2019.
E, acima de tudo, apesar da notável ausência de Gerwig, as mulheres nunca estiveram mais presentes nas nomeações aos Óscares: são 65 dos 209 candidatos.
Gerwig está na disputa tanto pelo argumento de “Mulherzinhas” como na categoria de Melhor Filme. E nove dos 24 produtores selecionados são mulheres.
Para além das mulheres, a presença de muitos nomeados brancos e pouco espaço para minorias levantou várias vozes críticas: uma delas foi a do autor Stephen King, que depois de trocas controversas no Twitter sobre o tema, publicou um artigo de opinião no jornal The Washington Post dizendo que os Óscares continuam armados em favor das pessoas brancas e que os avanços feitos na indústria cinematográfica estão longe do que deveria ser.
Um sentimento semelhante foi transmitido por Joaquin Phoenix no seu discurso de vitória nos prémios da Academia Britânica de Artes do Cinema e da Televisão (BAFTA), que foram entregues a 02 de fevereiro. O ator, que venceu pelo seu aclamado papel em "Joker", criticou o "racismo sistémico" e o privilégio que lhe permitiu receber o reconhecimento constante de que outros atores "merecedores" são barrados.
O estúdio mais nomeado foi a Netflix, mas o que se passou com "O Irlandês"?
A plataforma conseguiu arrebatar mais nomeações que qualquer outro estúdio a 13 de janeiro: 24, mais nove do que no ano passado e repartidas por uma enorme diversidade de categorias, incluindo animação e documentário.
Além das dez nomeações por "O Irlandês" e as seis de "Marriage Story", o serviço de streaming garantiu três para "Dois Papas" (Melhor Ator, Melhor Secundário e Melhor Argumento Adaptado) e duas para as Longas-Metragens de Animação "Klaus" e "J'ai Perdu Mon Corps" (comprada em Cannes já feita). Juntam-se os Documentários de Longa-Metragem de que garante a distribuição, "American Factory" (produzido pelo casal Barack e Michelle Obama) e o brasileiro "Democracia em Vertigem", de Petra Costa, além do Documentário de Curta-Metragem "Life Overtakes Me".
Esta é a principal vitória: vencida a resistência da Academia que há apenas quatro anos deixara sem qualquer nomeação "Beasts of No Nation", o seu primeiro filme original Netflix, afirma-se como um estúdio que não só proporciona condições financeiras e artísticas incomparáveis a cineastas e atores, como consegue levar os filmes até aos prémios máximo da indústria cinematográfica.
Não há melhor cartão de apresentação para atrair ainda mais os talentos, mesmo que o mais provável é que saia da cerimónia com poucas estatuetas: para além da estatueta da atriz secundária Laura Dern por "Marriage Story", as outras hipóteses mais realistas são a animação "Klaus" e o documentário "American Factory".
Mas também fica uma dúvida no ar: será que "O Irlandês", onde investiu 150 milhões de dólares, vai perder o Óscar de Melhor Filme por causa da estratégia de lançamento da Netflix?
O jornal The New York Times divulgou que os representantes de dois dos maiores proprietários de salas de cinema nos EUA estavam dispostos a baixar a exigência de um período de exclusividade de 72 para 60 dias para exibir o filme de Martin Scorsese, mas a plataforma sinalizou que não estava disposta a ceder para lá dos 45. A negociação fracassou e "O Irlandês" só teve direito às três semanas originais (26 dias) definidas no contrato com Martin Scorsese, ficando disponível em streaming aos seus 158 milhões de subscritores a 27 de novembro.
Aquela sensação que vinha desde a antestreia mundial no Festival de Nova Iorque do final de setembro de que era imparável para ganhar o Óscar de Melhor Filme começou a diluir-se quando foram conhecidas as nomeações para os Globos de Ouro a 9 de dezembro e "Marriage Story" surpreendeu ao liderar a lista. E aos poucos, os dois foram perdendo visibilidade na temporada, em detrimento de outros filmes, até que se chegou a 5 de janeiro e "1917" ganhou os principais prémios na cerimónia, "Marriage Story" conseguiu um em seis possíveis e "O Irlandês" ficou... a zeros.
Muitos concordam que se trata de um dos melhores filmes de Scorsese, mas também que o maior impacto dos seus 209 minutos surge nas salas de cinema e se dilui em streaming. Se tivesse seguido um modelo mais tradicional de lançamento desde 1 de novembro pelo menos até ao Natal, esse impacto não teria chegado a mais pessoas, mantendo o filme no centro das conversas ao nível do que tem acontecido com "Era Uma Vez em... Hollywood", "1917", "Joker" ou "Parasitas"? Terá a Netflix deixado fugir a consagração máxima nos Óscares... por uma diferença de 15 dias?
Os canais FOX e FOX Movies vão transmitir em exclusivo a cerimónia, a partir das 01h00: na FOX com comentários em português e na FOX Movies na versão original. O SAPO Mag vai acompanhar ao minuto todos os acontecimentos da noite, da red carpet à cerimónia. Fique acordado connosco pela madrugada dentro.
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