Terry Crews lançou uma "bomba" durante o seu testemunho esta terça-feira perante um comité do Senado dos EUA sobre abuso sexual: está fora do quarto filme da saga "Os Mercenários" por ter recusado deixar cair um processo de assédio sexual.
O ator de 49 anos, conhecido também pela série "Brooklyn Nine-Nine", avançou com um processo civil contra o agente Adam Venit em dezembro do ano passado, acusando-o de ter agarrado os seus genitais duas vezes durante uma festa em Hollywood, em 2016.
No seu depoimento inicial ao comité, Crews reconheceu que antes de ter sido assediado também pertenceu a uma cultura masculina "tóxica" que acreditava que tinha mais valor do que as mulheres, usando "poder, influência e controlo para dominar todas as situações", dos campos de futebol aos locais de rodagem e até em casa com a mulher e os filhos.
Um dos momentos mais emocionantes na sessão de perguntas e respostas com os senadores surgiu quando a senadora Dianne Feinstein lhe perguntou porque não reagiu com violência, que reconheceu ter sido o seu primeiro instinto.
"Só se tem algumas oportunidade de ter sucesso quando se é um homem negro na América [...] vi muitos, muitos jovens homens negros que foram provocados para reagirem com violência. E foram presos ou mortos. E não estão aqui", recordou.
Crews admitiu que só teve coragem após o movimento #MeToo no outono de 2017.
Após ter revelado o seu caso a 10 de outubro, cinco dias após explodir o escândalo à volta do produtor Harvey Weinstein, a agência William Morris Endeavor decidiu suspender Venit durante 30 dias enquanto fazia uma investigação, acabando por despromovê-lo da liderança do seu departamento de cinema mas mantendo-o como agente. As autoridades de Los Angeles também rejeitaram avançar com acusações criminais porque os prazos foram ultrapassados.
"O que me aconteceu a mim aconteceu a muitos, muitos outros homens em Hollywood, e desde que revelei a minha história, milhares e milhares de homens vieram ter comigo e disseram 'Eu também, esta é a minha história. Mas não tinha a confiança ou não me sentia suficientemente seguro para chegar à frente'. Porque o que aconteceu é que és ostracizado, a tua carreira fica em perigo — depois disso ninguém quer trabalhar contigo.", acrescentou mais à frente.
Questionado se isso já tinha acontecido, o ator revelou então que fez três filmes "Os Mercenários" com Sylvester Stallone e que Avi Lerner, produtor da saga, tinha ligado ao seu agente para pedir para retirar o processo contra Adam Venit para poder entrar no quarto filme, avisando-o que "haveria problemas" se não o fizesse.
Quando a senadora Amy Klobuchar lhe perguntou se ele tinha um papel no quarto filme, previsto para 2019, a resposta foi negativa.
"Não. Simplesmente porque este mesmo produtor está a ser investigado no seu próprio caso de ataque sexual. Abusadores protegem abusadores e isto era uma questão em que tinha de decidir, se iria estabelecer um limite. Vou fazer parte disto ou vou tomar uma posição, e houve projetos que tive de recusar", concluiu.
O assunto à volta de "Os Mercenários" surge no vídeo completo a partir dos 50m36s disponível no canal CSPAN.
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