O regresso de "O Projeto Blair Witch" anunciado na semana passada na convenção CinemaCon deixou um sabor amargo em três das pessoas ligadas ao clássico de terror de 1999 realizado por Daniel Myrick e Eduardo Sánchez.
Tanto o ator Joshua Leonard como o designer de produção Ben Rock e o co-produtor Mike Monello não sabiam de nada sobre o 'regresso à floresta' anunciado pelos estúdios Lionsgate e Blumhouse, no âmbito de uma nova parceria para reimaginar clássicos do cinema de terror.
Frustração foi a palavra usada nas redes sociais para reagir à notícia por Joshua Leonard (imagem no topo da notícia), que formava com Heather Donahue e Michael Williams o trio de estudantes que viajava para a floresta que muitos diziam estar amaldiçoada nos arredores da cidade de Burkittsville para produzir um documentário sobre a lenda da Bruxa de Blair
Dizendo que está a tentar contactar a Lionsgate há mais de um mês sem sucesso para organizar uma sessão de beneficência a favor de atores sem sistema de saúde, Leonard listou vários factos a propósito dos 25 anos daquele que permanece um dos mais emblemáticos filmes do cinema de terror, nomeadamente o comportamento dúplice de uma distribuidora que se gabava de ter lançado o filme independente mais lucrativo de sempre (mais de 250 milhões de dólares de receitas na bilheteira para uma aquisição de um milhão) ao mesmo tempo que dizia a quem o fez que estava a perder dinheiro e podiam ser eles a vir a ficar em dívida.
Leonard também desmentiu a informação colocada a circular na indústria de que os atores tinham recebido uma compensação de quatro milhões de dólares para abdicar dos seus 'direitos de propriedade' quando só ganharam 300 mil dólares e contou que, uma vez que tinham usado os seus nomes verdadeiros no filme, se viram forçados a levar o estúdio a tribunal para recuperarem o direito a usá-los.
"Muitos fatores fizeram de 'O Projeto Blair Witch' um sucesso: 'timing', marketing, etc. Mas também houve o facto de que estes 'esquisitos' se juntaram, praticamente sem recursos, e fizemos um filme que funcionou! [...] Tenho tanto orgulho do nosso pequeno filme 'punk rock' e adoro os fãs que continuam a falar dele. Mas, nesta altura, já são 25 anos de desrespeito da parte das pessoas que colocaram no bolso a maior parte dos lucros vindos do nosso trabalho e isso parece tanto nojento como sem classe", rematou.
Já o designer de produção Ben Rock recordou as tentativas anteriores de aproveitar o sucesso, "O Livro das Trevas - Blair Witch 2" (2001) e "O Bosque de Blair Witch" (2016), sem contar com o envolvimento direto dos realizadores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez.
"É agridoce, honestamente", disse ao The Hollywood Reporter, revelando que ninguém ligado ao filme de 1999 foi contactado ou teve a oportunidade de apresentar uma proposta.
"Sinceramente, acho que o que já aconteceu duas vezes agora é que os criadores originais foram esquecidos e outras pessoas foram trazidas, todas boas. Mas nenhuma das sequelas se ligou ao público da forma que queriam. E, portanto, talvez valha a pena conversar com alguns dos criadores originais”, defendeu.
O co-produtor Mike Monello foi no mesmo sentido, partilhando nas redes sociais: "Ideia radical: podiam tentar colocar este projeto nas mãos da equipa original que fez o primeiro. Sabem, a equipa que realmente tem um plano inteiro de saga para reinventar o que pode ser um filme 'Blair With'?".
E acrescentou: "Qualquer pessoa que trabalhe nesta saga tem de perceber que os acontecimentos de 'Blair Witch' acontecem a cava 50-60 anos. Isso foi codificado na mitologia antes mesmo do lançamento do primeiro filme, e é uma das razões porque as 'sequelas' não são o caminho certo".
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