Quando todos estavam à espera do primeiro trailer de "O Paradoxo Cloverfield" durante o Super Bowl no domingo à noite, a Netflix e J.J. Abrams tinham algo mais em mente: logo após o fim do jogo da final do Futebol Americano todo o filme estreou de surpresa na plataforma a nível mundial.
A realizadora Ava DuVernay ("Selma", "Uma Viagem no Tempo") chamou-lhe "um momento histórico" e uma "mudança de jogo", acrescentando que "novos caminhos são necessários neste sistema antiquado. Mudar é positivo", tomando desta forma uma posição na discussão sobre o modelo tradicional de distribuição dos filmes que muitos consideram desfasado da realidade onde as salas de cinema têm uma janela de exclusividade até 90 dias.
Com Gugu Mbatha-Raw, Daniel Brühl, Chris O'Dowd, Elizabeth Debicki, David Oyelowo e Zhang Ziyi, este é o novo capítulo de uma saga que tem como produtor J.J. Abrams e começou com "Nome de Código: Cloverfield" (2008) e prosseguiu com uma sequela rodada em segredo, "10 Cloverfield Lane" (2016).
A surpresa de domingo à noite que pode revolucionar o futuro em Hollywood. E, sabe-se agora, foi um negócio onde todos ficaram a ganhar.
"O Paradoxo Cloverfield", que inicialmente se chamava "God Particle", foi rodado entre junho e setembro de 2016, mas o orçamento disparou dos cinco para 40 milhões de dólares e a data de estreia foi adiada várias vezes.
Segundo o Hollywood Reporter, Jim Gianopulos, presidente do estúdio Paramount, ficou preocupado com o resultado final e apesar de refilmagens e outras medidas para fazer a ligação ao universo "Cloverfield", chegou-se à conclusão que não havia nada a fazer para salvar o filme apesar da qualidade dos atores.
Preocupados com um potencial fracasso nas salas — a estreia estava finalmente prevista para 20 de abril nos EUA — o estúdio e Abrams resolveram passá-lo à Netflix, que estava mais do que disponível para abrir os cordões à bolsa por título de tanta visibilidade: 50 milhões de dólares.
Poupando na campanha de marketing, a Paramount de repente com um filme rentável em vez de um "flop", mantendo ainda os direitos de lançamento na China, o segundo mercado mais importante do mundo, mais os do "home video" e, claro, de futuros capítulos da saga "Cloverfield" (existem rumores de que "Overlord", previsto para o outono, também pertence ao mundo em expansão, uma vez que a história se passa no final da Segunda Guerra Mundial).
Já a Netflix, que nunca divulga números de audiências, ficou com um título mediático e publicidade gratuita à volta da repercussão do lançamento mundial, independentemente das críticas negativas que o filme já recebeu (esta quarta-feira está com 20% de apreciações positivas no Rotten Tomatoes).
Teaser "O Paradoxo Cloverfield" (já disponível na Netflix).
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