Daniel Craig é o sexto ator a interpretar James Bond no cinema e apesar de não dizer categoricamente que vai abandonar a personagem, uma entrevista à edição britânica da revista Esquire tem um tom de balanço e sentido de dever cumprido.
Em 2005, a sua eleição como o sucessor de Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan, foi recebida com muito menos entusiasmo do que aquele que aguarda a estreia de "007 - Spectre", filmado pelo Sam Mendes sob a pressão de suceder a "007 - Skyfall", o maior sucesso de sempre da saga com 43 anos e 23 títulos.
À distância de dez anos, percebe-se que Craig soube aproveitar a oportunidade de ouro que surgiu quando lhe enviaram o argumento de "Casino Royale", tão diferente do que estava à espera: "Senti como se me estivessem a oferecer um diagrama e a dizer: "Cria à volta disso". E eu pensei: OK, consigo fazer isso."
A mudança era essencial: a personagem era então vista como uma paródia, uma relíquia dos anos da Guerra Fria com dificuldade em adaptar-se ao século XXI, ultrapassada por Jason Bourne... e gozada por Mike Myers.
“Austin Powers lixou aquilo. Pela altura em que fizemos "Casino Royale", ele tinha arrasado todas piadas", recordou a estrela britânica a propósito das aventuras sexuais, viagens a lugares exóticos e "brinquedos" tecnológicos tão associados à personagem.
O desafio de criar um "equilíbrio delicado" entre a essência de 007 e atualizá-lo para o presente deu origem, nas palavras do ator, a um James Bond que espera não ser "tão sexista e misógino como os anteriores. O mundo mudou. Certamente que eu não sou essa pessoa. Mas ele é, e então o que isso significa? Isso significa que temos de escolher grandes atrizes e tornar as personagens o melhor que conseguirmos para as mulheres nos filmes."
Apesar dos filmes seguintes com Craig recuperarem alguns dos elementos que fizeram o sucesso da saga, Daniel Craig notou ainda que o moderno James Bond permanece muito solitário.
"Existe uma grande tristeza. Ele está envolvido com todas estas bonitas mulheres, mas depois elas partem e é... triste. E conforme um homem envelhece, não é um panorama bonito. Pode ser uma fantasia bonita - isso está aberto a discussão -, mas a realidade ao fim de alguns meses...".
"007 - Spectre" estreia em Portugal a 5 de novembro.
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