Natural de Taiwan, onde fez filmes como "O Banquete de Casamento" (1993) e "Comer Beber Homem Mulher" (1994), Ang Lee abriu com "Sensibilidade e Bom Senso" (1995) uma das mais carreiras mais bem sucedidas em Hollywood, primeiro com os Óscares para "O Tigre e o Dragão" (2000) e a seguir as duas estatuetas de Melhor Realização com "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005) e "A Vida de Pi" (2012).
O último foi precisamente a sua aclamada estreia em 3D, mas foram geralmente más as reações aos trabalhos que se seguiram, "Billy Lynn: A Longa Caminhada" (2016) e "Projeto Gemini" (2019), também filmados a 120 frames por segundo (uma tecnologia que trazia uma imagem muito mais nítida para o espectador).
A preparar um projeto sobre a lenda do cinema e das artes marciais Bruce Lee, o realizador garante que não será em 3D nem a 120 frames por segundo: encontrar novas formas de fazer cinema com as tecnologias é uma experiência que chegou ao fim.
"As imagens são realmente nítidas. Isso é muita pressão. Tudo é difícil, portanto isso é sempre uma pressão muito grande. Não posso entrar em detalhes sobre como é fazer esses filmes. As pessoas não tentaram nem um minuto nessa escala. Fiz duas longas-metragens", explicou numa entrevista ao IndieWire, reforçando que todo o processo é complicado de formas que o público não consegue ver.
Referindo a pressão económica e a do estúdio por estar a fazer algo de uma forma que ninguém realmente conhecia, acrescentou: "Não apenas os meus dois filmes, o 3D em geral... [é] tão mau. Os cineastas são maus. Os cinemas são maus. Todo o ecossistema é mau. Não foi feito para [o 3D]. Recuso queixar-me, a culpar a tecnologia... o público e a indústria é [que] não estavam preparados [para o 3D]”.
Lee fala mesmo numa 'mesquinhez' dos cinemas, que diz não terem as condições de projeção ideias.
"As pessoas fazem um mau trabalho, dá dor de cabeça, é simplesmente mau. Não se pode culpar o público por não gostar porque é mau. E pedem-lhe para gastar mais dinheiro. Quando fica bom, as pessoas gostam. É simples. 3D é diferente de 2D. A mente funciona de forma diferente. Não se pode comparar os dois. Um é sofisticado e o outro parece um bebé. É por isso que desenvolvi novos projetores. É quatro vezes mais brilhante. É uma nova linguagem que um cineasta tem que aprender, o público tem que se acostumar, é preciso tempo", explicou.
E reforçou as críticas à forma como tem sido usada o próprio 3D por Hollywood: "Existem maus cineastas, tão simples como isso. O público só vê o que vê. Está escuro e as pessoas ficam com dor de cabeça. Os cineastas não sabem o que estão a fazer com as imagens. É apenas o início. [Mas] o 3D é muito difícil. Voltarei ao habitual, à moda antiga de fazer filmes".
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