O cineasta Ridley Scott está de volta aos cinemas com "Napoleão", o retrato cinematográfico de uma das figuras mais complexas da história, um homem que estava mais disposto a enviar milhões de pessoas para combates a ter que enfrentar as suas paixões amorosas.
Joaquin Phoenix interpreta o militar de origem mediterrânica que abalou as estruturas da Europa em pouco mais de três décadas, no início do século XIX, até à sua derrota definitiva na Batalha de Waterloo (1815).
A produção cinematográfica, que teve um orçamento de quase 200 milhões de dólares, estreia a 23 de novembro nos cinemas portugueses.
Napoleão Bonaparte (1769-1821) é uma das personalidades históricas mais abordadas por autores, e Scott tenta resumir a sua espetacular ascensão ao poder e a sua queda retumbante num filme com duas horas e 39 minutos de duração.
A trama tem início na decapitação da rainha Maria Antonieta, em Paris, no auge (e mais sangrento momento) da Revolução Francesa, e no encontro do protagonista com uma cortesã, Josephine de Beauharnais, mãe de dois filhos e viúva de uma das vítimas do terror revolucionário.
Este encontro marca a vida do ambicioso oficial, que segundo a tese do filme, baseado nas cartas de amor que Napoleão enviou durante anos a Josephine (interpretada pela atriz britânica Vanessa Kirby), nunca deixou de amá-la. Mesmo quando teve que se separar dela quando não lhe conseguiu dar um filho para ser o herdeiro.
Cineasta multifacetado, Scott filma de forma eficaz as batalhas espetaculares, incluindo a desastrosa invasão da Rússia, alternando as cenas de combate com a peculiar relação amorosa do imperador com Josephine, na qual ela parece ter vantagem.
"A ditadura envolve sangue"
"É evidente que o homem fascinou o mundo, seja como líder, diplomata, guerreiro, político e, claro, como ditador. A ditadura envolve derramar sangue", disse o cineasta à imprensa em Paris.
A figura de Napoleão já foi retratada inúmeras vezes no cinema.
Em 1927, o cineasta francês Abel Gance contou a sua história num filme que utilizava técnicas audiovisuais revolucionárias.
Marlon Brando também interpretou o estadista em "Désirée" (1954), um filme esquecido no mesmo ano que o consagrou com o Óscar pelo clássico "Há Lodo no Cais".
Já Stanley Kubrick, porém, não conseguiu levar em frente o projeto que ambicionou durante décadas, que já estava com o argumento pronto quando o realizador morreu em 1999.
Scott mostra o seu domínio do cinema, com centenas de figurantes a participar em batalhas espetaculares. Mas para as cenas íntimas entre Phoenix e Kirby, ele faz a arriscada aposta de deixar ambos livres para recriar este relacionamento singular.
A interpretação do casal da história aparece como uma recriação moderna. Os atores reconheceram à imprensa em Paris que precisaram fazer pesquisas aprofundadas para confrontar as suas respectivas personagens.
"Ele era muito desajeitado socialmente. Vejo-o como um romântico com cérebro de matemático", analisou Phoenix.
Já para Kirby, "eles eram inexoravelmente atraídos um pelo outro, mas isso nunca me pareceu sensato, calmo e saudável; era obsessão, fascínio e dinâmica de poder que flutuavam", acrescentou.
TRAILER LEGENDADO.
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