Morreu o animador e realizador Burny Mattinson, ligado a muitos dos grandes clássicos de animação da Disney. Aos 87 anos, era o mais antigo funcionário do estúdio, passando por todos os seus altos e baixos, e um dos últimos animadores que trabalhou com o fundador Walt Disney.
Inspirado para trabalhar em animação desde que viu "Pinóquio" aos seis anos, Burny Mattinson entrou na empresa em 1953, aos 18, para o departamento de correspondência, tornou-se animador e chegou a realizador, a solo de "Um Conto de Natal do Mickey" (1983) e acompanhado em "Rato Basílio, o Grande Mestre dos Detectives" (1986).
Segundo o comunicado oficial da Walt Disney Animation Studios, que atribui a morte a uma "breve doença", ainda estava a trabalhar a tempo inteiro como consultor das histórias e mentor. Estava previsto que recebesse em junho o primeiro prémio de sempre por 70 anos de serviço.
“A arte, generosidade e o amor de Burny pela Disney Animation e pelas gerações de contadores de histórias que passaram pelas nossas portas, durante sete décadas, tornaram-nos melhores – melhores artistas, melhores técnicos e melhores colaboradores. Todos nós que tivemos a honra de conhecê-lo e aprender com ele garantiremos que o seu legado continuará", destacou Jennifer Lee, a diretora criativa do estúdio.
Deixado literalmente às portas do estúdio em Burbank pela mãe assim que acabou o liceu, Burny Mattinson demorou seis meses até conseguir passar do departamento de correspondência para animador intermédio em "A Dama e o Vagabundo" (lançado em 1955) e viria a ser promovido a assistente de animação para "A Bela Adormecida" (1959) e "Os 101 Dálmatas" (1961), às ordens de Marc Davis, um dos lendários "Nine Old Men" do estúdio.
Eric Larson, outro "Nine Old Men", também foi seu mentou durante uma década, em títulos como "A Espada Era a Lei" (1963), "Mary Poppins" (1963), "O Livro da Selva" (1967) e "Os Aristogatos" (1970).
Já com créditos firmados, passou na década de 1970 por filmes como "Robin dos Bosques" (1973), "Winnie the Pooh and Tigger Too" (1974) e "Meu Amigo o Dragão" (1977), antes de ser um dos que foi creditado pela história de "As Aventuras de Bernardo e Bianca" (1977) e "Papuça e Dentuça" (1981).
Após deixar a sua marca mais direta em "Um Conto de Natal do Mickey" (1983) e "Rato Basílio, o Grande Mestre dos Detectives" (1986), continuou como animador sénior e argumentista na fase do renascimento artístico da Disney, em novos clássicos como "A Bela e o Monstro" (1991), "Aladdin" (1992), "O Rei Leão" (1994), "Pocahontas" (1995), "O Corcunda de Notre Dame" (1996) e "Mulan" (1998).
Em 2008, recebeu o título oficial de "Lenda Disney" e continuou literalmente até ao fim: os últimos créditos formais foram para "Big Hero 6: Os Novos Heróis" (2018), o mesmo ano em que bateu o recorde de longevidade do estúdio do colega John Hench, que era de 64 anos, e "Estranho Mundo" (2022).
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