A lenda do cinema Kirk Douglas morreu esta quarta-feira, dia 5 de fevereiro, aos 103 anos. A morte foi confirmada pelo filho, o ator Michael Douglas, em comunicado enviado aos meios de comunicação e numa mensagem partilhada entretanto nas suas redes sociais.
"É com uma grande tristeza que os meus irmãos e eu anunciamos que Kirk Douglas nos deixou aos 103 anos. Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da época dourada dos filmes", frisaram os filhos em comunicado citado pela imprensa norte-americana.
"Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da era de ouro dos filmes que viveu bem até aos seus anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as causas nas quais acreditava estabeleceram um padrão para todos almejarmos alcançar. Mas para mim e para os meus irmãos Joel e Peter ele era simplesmente o pai, para Catherine um maravilhoso sogro, e para os seus netos e bisneto o seu avô adorável, e para sua esposa Anne, um marido maravilhoso", sublinhou Michael Douglas, também ator e filho de Kirk Douglas, em comunicado.
"A vida de Kirk foi bem vivida e ele deixa um legado no cinema que perdurará pelas gerações vindouras, e uma história como um filantropo de renome que trabalhou para ajudar o público e trazer paz ao planeta. Deixem-me terminar com as palavras que lhe disse no seu último aniversário e que sempre permanecerão verdadeiras: Pai, gosto muito de ti e tenho muito orgulho em ser teu filho", acrescentou.
Entre os filmes mais famosos de Kirk Douglas destacam-se "Cativos do Mal" (1952), "A Vida Apaixonada de Van Gogh" (1956), "O Último Comboio de Gun Hill" (1959), "Spartacus" (1960) e "Sete Dias em Maio" (1964).
Kirk Douglas conquistou o Globo de Ouro de melhor ator de drama pela sua interpretação em “A Vida Apaixonada de Van Gogh” (1956) e, em 1968, recebeu o Globo de Ouro Cecil B. DeMille, atribuído todos os anos a uma “pessoa com reconhecido impacto no mundo do entretenimento”.
Douglas nunca recebeu um Óscar de interpretação, apesar de ter estado nomeado em três ocasiões para os prémios da Academia, mas recebeu uma estatueta honorária em 1996.
Filho de imigrantes russos analfabetos, interpretou alguns papéis emblemáticos do cinema, do escravo Spartacus ao pintor Vincent van Gogh, passando pela lenda do velho oeste Doc Holliday. Trabalhou em mais de 80 filmes, mas, ao contrário das novas gerações, nunca aceitou um papel numa sequela.
Recorde abaixo 15 filmes essenciais e mais três favoritos dos 73 feitos por Kirk Douglas, um duro com convicções dentro e fora do ecrã:
O ator foi forçado a uma reforma por causa dos problemas de fala provocados por um acidente vascular cerebral em janeiro de 1996.
Considerada uma das figuras mais respeitadas de Hollywood, o ator fez uma das últimas aparições em público na cerimónia dos Globos de Ouro de 2018.
Douglas esteve casado com Diana Douglas, entre 1943 e 1951, e com Anne Douglas, desde 1954.
"Vulcão"
Issur Danielovitch foi o nome que recebeu ao nascer num bairro pobre de Nova Iorque, onde estudou interpretação na Academia de Artes Dramáticas.
"O Grande Ídolo", de 1949, valeu-lhe a primeira nomeação para o Óscar de Melhor Ator, um prémio que nunca venceu e que só chegou à família com o filho por "Wall Street" (1987) - Michael Douglas já tinha recebido um como produtor por "Voando Sobre um Ninho de Cucos" (1975).
Entre os filmes mais famosos de Kirk Douglas destacam-se "Cativos do Mal" (1952), "A Vida Apaixonada de Van Gogh" (1956), "O Último Comboio de Gun Hill" (1959), "Spartacus" (1960) e "Sete Dias em Maio" (1964).
Os filhos mais velhos, Michael e Joel, nasceram do seu primeiro casamento, com Diana Douglas, que terminou em divórcio em 1951.
Três anos depois casou-se com a belga-americana Anne Buydens, que uma vez escreveu a respeito de Kirk Douglas: "Viver com o meu marido é como sentar-me num lindo jardim ao lado de um vulcão que pode entrar em erupção a qualquer momento". O casal teve dois filhos: Eric e Peter.
"Cem anos de idade certamente é um marco, mas os factos são o que pai realizou em 100 anos. Para mim, a sua resistência e tenacidade são as qualidades que mais se destacam. Ensinou-me a dar o melhor em qualquer coisa que faça. Ele é o pacote completo", afirmou Michael Douglas na edição especial da Closer Weekly, há três anos.
Fé judaica
A família Douglas passou por uma boa dose de tragédias e desastres ao logo dos anos. Eric, também ator, morreu vítima de uma combinação de álcool e medicamentos aos 46 anos em 2004, depois de anos de luta contra o vício.
O acidente citado pelo ator aconteceu em 1991, quando o helicóptero de Kirk Douglas bateu num avião na Califórnia. Duas pessoas morreram.
Mas o incidente permitiu uma redescoberta da fé judaica.
O AVC sofrido em 1996 impediu que continuasse a falar corretamente, mas recuperou parcialmente graças a meses de terapia.
E, à medida que sua saúde impedia o retorno aos sets dos filmes, ele e a sua esposa voltaram-se cada vez mais para a filantropia, com a intenção de doar para obras de caridade a maior parte de sua fortuna.
O casal reconstruiu 400 parques infantis em Los Angeles e foi responsável pela construção do "Harry's Haven", a unidade de Alzheimer batizada com o nome do pai de Kirk no Abrigo do Fundo de Cinema e Televisão em Woodland Hills, Califórnia.
Angie Dickinson, grande amiga, contracenou com o ator em "A Sombra de um Gigante" (1966), onde existia uma cena que exigia que ambos estivessem nus.
"Não se pode pedir pedir mais do que recebe de Kirk", disse a atriz de 85 anos, ex-esposa do lendário compositor Burt Bacharach.
"Tenho de dizer que é simplesmente um homem perfeito. Tudo o que ele faz é perfeito", completou.
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